O quadro roubado por nazistas em Amsterdã há 8 décadas que foi achado na Argentina — e sumiu de novo

TÍTULO: Obra de Arte Roubada por Nazistas Reaparece em Anúncio Argentino Após Oito Décadas, Mas Desaparece Novamente Antes de Ser Recuperada
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CONTEÚDO:

Um valioso quadro, identificado como o ‘Retrato de Dama’ do renomado pintor italiano Giuseppe Ghislandi, emergiu inesperadamente em uma fotografia veiculada em um anúncio de venda de uma propriedade localizada nas proximidades de Buenos Aires, na Argentina. A aparição da obra de arte ocorre mais de oito décadas após seu roubo, perpetrado por forças nazistas contra um comerciante de arte judeu na cidade de Amsterdã, nos Países Baixos. Contudo, a tentativa de recuperação da peça enfrentou um novo revés: uma operação policial subsequente, realizada no imóvel onde o quadro teria sido avistado, não logrou êxito em localizar a obra, que permanece desaparecida.

A história do ‘Retrato de Dama’ é um testemunho da complexa e muitas vezes trágica trajetória de milhares de obras de arte durante o século XX. O pintor Giuseppe Ghislandi, também conhecido como Fra Galgario, foi uma figura proeminente do período barroco e rococó na Itália, notabilizando-se por seus retratos que capturavam a essência e a individualidade de seus modelos com grande maestria. Suas obras são valorizadas por sua técnica refinada e pela profundidade psicológica que conferem aos personagens retratados. A identificação de uma de suas peças em um contexto tão inusitado reacende o debate sobre a proveniência de arte e os esforços contínuos para a restituição de bens culturais espoliados.

O Roubo e o Contexto da Segunda Guerra Mundial

O roubo do ‘Retrato de Dama’ remonta a um período sombrio da história europeia, quando as forças nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial, implementaram uma política sistemática de pilhagem de bens culturais em toda a Europa ocupada. Amsterdã, uma cidade vibrante e um importante centro de comércio de arte, foi particularmente afetada por essa campanha. Comerciantes de arte judeus, como o proprietário original do quadro de Ghislandi, foram alvos específicos dessa perseguição. A ideologia nazista não apenas visava a aniquilação de populações, mas também a apropriação de seu patrimônio cultural, considerado “degenerado” ou simplesmente valioso para financiar a máquina de guerra e enriquecer líderes do regime.

A pilhagem de arte durante a Segunda Guerra Mundial foi uma operação em larga escala, meticulosamente organizada. Unidades especiais foram criadas para confiscar obras de arte de coleções públicas e privadas, especialmente aquelas pertencentes a famílias judias. Essas obras eram então catalogadas, transportadas para depósitos secretos e, em muitos casos, destinadas a museus planejados por Hitler ou vendidas no mercado negro para financiar as operações nazistas. A perda dessas obras representou não apenas um prejuízo financeiro, mas também uma profunda ferida cultural e histórica para as famílias e nações afetadas.

A Holanda, ocupada pelas forças alemãs a partir de maio de 1940, viu grande parte de seu patrimônio cultural ser confiscado. Coleções inteiras foram esvaziadas, e muitos comerciantes de arte judeus foram forçados a vender suas obras por preços irrisórios ou tiveram seus bens simplesmente apreendidos. O caso do ‘Retrato de Dama’ é um exemplo concreto dessa realidade, ilustrando a extensão da devastação cultural e a longa sombra que esses atos lançaram sobre o mundo da arte por décadas.

O Longo Período de Desaparecimento e a Busca Contínua

Por mais de oitenta anos, o paradeiro do ‘Retrato de Dama’ permaneceu desconhecido. Esse longo período de ausência é comum para muitas obras de arte roubadas durante a guerra, que frequentemente desaparecem em coleções particulares, são vendidas sob identidades falsas ou simplesmente ficam esquecidas em depósitos. A busca por essas obras é um esforço contínuo e complexo, envolvendo historiadores da arte, investigadores, advogados e descendentes das vítimas. Organizações internacionais e governos têm trabalhado incansavelmente para rastrear, identificar e, quando possível, restituir essas peças aos seus legítimos proprietários ou herdeiros.

A dificuldade em rastrear essas obras reside em diversos fatores. A documentação original pode ter sido destruída, os registros de vendas subsequentes podem ser fraudulentos ou incompletos, e as obras podem ter cruzado fronteiras múltiplas vezes, dificultando a determinação de sua proveniência. A passagem do tempo também complica a tarefa, pois testemunhas e envolvidos diretos já não estão mais vivos, e a memória dos eventos se esvai. Cada descoberta, portanto, representa um marco significativo nos esforços de recuperação e na tentativa de corrigir as injustiças históricas.

A Inesperada Reemergência em Buenos Aires

A reviravolta na história do ‘Retrato de Dama’ ocorreu de forma inesperada. A obra de arte foi avistada em uma fotografia que fazia parte de um anúncio de venda de uma residência. A casa em questão estava localizada nas imediações de Buenos Aires, capital da Argentina. A aparição em um contexto tão mundano como um anúncio imobiliário sublinha a natureza imprevisível da descoberta de arte roubada. Muitas vezes, essas obras são encontradas em situações cotidianas, longe dos holofotes dos leilões de arte ou das galerias, o que demonstra a importância da vigilância e do conhecimento público na identificação de peças de valor histórico e cultural.

A Argentina, por sua vez, tem sido um ponto de interesse em investigações de arte roubada devido a seu histórico pós-Segunda Guerra Mundial. Embora não haja informações específicas sobre como o quadro de Ghislandi teria chegado ao país, a presença de obras de arte europeias com proveniência questionável na região não é um fenômeno isolado. A descoberta em um anúncio de venda sugere que a obra poderia estar em posse de particulares, talvez sem o conhecimento de sua verdadeira história ou valor cultural e histórico.

A Batida Policial e o Novo Desaparecimento

Diante da identificação do quadro no anúncio, as autoridades competentes agiram prontamente. Uma batida policial foi organizada e executada no imóvel que estava sendo anunciado para venda, nas proximidades de Buenos Aires. Operações como essa são procedimentos padrão em investigações de bens roubados, visando a recuperação física do objeto e a coleta de evidências que possam levar à identificação dos responsáveis por sua posse ou ocultação. A expectativa era de que o ‘Retrato de Dama’ fosse finalmente recuperado e pudesse iniciar seu processo de restituição.

No entanto, o desfecho da operação trouxe uma nova camada de mistério e frustração. Apesar da ação policial, a obra de Giuseppe Ghislandi não foi encontrada no local. O fato de o quadro ter sido visível em uma fotografia do anúncio e, posteriormente, não ter sido localizado durante a busca oficial, levanta questões sobre seu paradeiro atual. Poderia ter sido movido antes da chegada da polícia? A imagem no anúncio era antiga? Essas perguntas permanecem sem resposta, adicionando um novo capítulo à já complexa saga do ‘Retrato de Dama’.

O novo desaparecimento da obra ressalta os desafios persistentes na recuperação de arte roubada, especialmente aquelas com um histórico tão longo e intrincado. A busca por justiça e pela restituição cultural continua, com a esperança de que o ‘Retrato de Dama’ de Giuseppe Ghislandi possa, um dia, ser finalmente devolvido ao seu legítimo contexto e ter sua história plenamente reconhecida.

Com informações de Nome da Fonte

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cy85z39y731o?at_medium=RSS&at_campaign=rss

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