The fight over science funding: Congress vs. the OMB

O financiamento da ciência nos Estados Unidos tem sido objeto de intenso debate e ação nos últimos anos, marcando uma tensão notável entre as propostas orçamentárias do poder executivo e as alocações legislativas. A pesquisa científica, fundamental para a inovação, saúde pública, segurança nacional e competitividade econômica, depende significativamente do apoio federal. As discussões recentes destacam diferentes visões sobre a prioridade e a gestão dos recursos destinados a este setor vital.

Propostas orçamentárias apresentadas pela administração têm sinalizado uma reavaliação substancial dos níveis de financiamento para diversas agências científicas. Documentos orçamentários indicaram cortes propostos que, segundo relatórios de organizações científicas e universidades, poderiam ter um impacto significativo na capacidade de pesquisa do país. Por exemplo, agências como os Institutos Nacionais de Saúde (NIH), a Fundação Nacional de Ciência (NSF), a Agência de Proteção Ambiental (EPA) e o Departamento de Energia (DOE), especificamente seu Escritório de Ciência, foram mencionadas em propostas que visavam reduções orçamentárias. Essas propostas incluíram, em alguns casos, cortes percentuais de dois dígitos em relação aos níveis de financiamento anteriores.

A justificação para tais propostas, conforme comunicado pela administração, frequentemente se concentrou na necessidade de disciplina fiscal, na reavaliação de prioridades de gastos e na busca por maior eficiência governamental. No entanto, a comunidade científica expressou preocupação, apontando que reduções drásticas poderiam comprometer a pesquisa de longo prazo, a formação de novos cientistas e a posição dos EUA como líder global em inovação. Relatórios de associações de pesquisa e universidades detalharam como esses cortes poderiam levar à diminuição do número de bolsas de pesquisa concedidas, à interrupção de projetos em andamento e à perda de talentos para outros países.

Além das propostas orçamentárias, foram observadas ações que indicam um esforço para exercer maior controle sobre a distribuição de fundos de pesquisa. O fluxo de recursos para algumas universidades e instituições de pesquisa foi interrompido ou significativamente atrasado. Casos específicos, como a suspensão de financiamento federal para determinadas pesquisas em universidades, foram noticiados, gerando discussões sobre os critérios e processos de revisão de bolsas. A revisão de projetos de pesquisa e a verificação de alinhamento com certas diretrizes foram citadas como razões para atrasos repetidos na liberação de fundos. Esse escrutínio adicional, por vezes, levantou questões sobre a autonomia da pesquisa e a influência de considerações não-científicas no processo de concessão de bolsas.

A administração também demonstrou interesse em reorientar o foco de certas pesquisas e, em alguns casos, questionar resultados científicos estabelecidos. Houve relatos de tentativas de minar descobertas científicas específicas, particularmente em áreas como as mudanças climáticas e a saúde pública. Isso incluiu a remoção de dados de websites governamentais, a supressão de relatórios científicos e a promoção de narrativas que divergiam do consenso científico. Em outras instâncias, agências federais foram instruídas a revisar suas prioridades de pesquisa para se alinhar mais estreitamente com as políticas da administração, o que gerou debates sobre a integridade da ciência baseada em evidências dentro do governo.

A Resposta do Congresso

Em contraste com as propostas do executivo, o Congresso tem demonstrado uma abordagem diferente em relação ao financiamento da ciência. Em apropriações orçamentárias recentes, o Senado, em particular, ignorou as solicitações de cortes da administração e, em vez disso, aprovou níveis de financiamento para a pesquisa científica que se assemelham aos anos anteriores. Essa ação legislativa reflete um apoio bipartidário contínuo à ciência e à pesquisa, com muitos membros do Congresso reconhecendo os benefícios de longo prazo do investimento em inovação e desenvolvimento.

Comitês de Apropriações do Senado, após deliberações, aprovaram orçamentos que destinam recursos significativos a agências-chave. Por exemplo, o NIH, que financia grande parte da pesquisa biomédica nos EUA, recebeu alocações que mantiveram ou aumentaram ligeiramente seu orçamento, em oposição às reduções propostas. Da mesma forma, a NSF, que apoia a pesquisa fundamental em diversas disciplinas científicas e de engenharia, viu seu financiamento protegido. Outras agências, como a NASA e o Escritório de Ciência do DOE, também foram beneficiadas por essas decisões legislativas, garantindo a continuidade de programas de pesquisa e desenvolvimento cruciais.

Essa divergência entre as propostas do executivo e as ações do legislativo estabelece um cenário de potencial confronto. O Congresso, por meio de seu poder de apropriação, busca garantir a estabilidade e o crescimento do financiamento científico, enquanto a administração, por meio de suas propostas orçamentárias e diretrizes executivas, busca redefinir as prioridades de gastos. Essa dinâmica pode levar a negociações orçamentárias complexas, resoluções contínuas e, em alguns casos, o uso do poder de veto presidencial, o que sublinha a tensão inerente à governança de um setor tão vital.

Origens das Políticas: OMB e Project 2025

A maior parte das ações relacionadas ao financiamento da pesquisa e ao controle sobre as agências científicas tem sido atribuída a entidades como o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) e, de forma mais proeminente, o Gabinete de Gestão e Orçamento (OMB). O OMB desempenha um papel central na formulação e execução do orçamento federal, supervisionando as agências e garantindo que os gastos se alinhem com as prioridades da administração.

Russell Vought, que chefiou o OMB, é uma figura chave nesse contexto. Ele esteve envolvido na elaboração do “Project 2025”, um documento abrangente que delineia planos para uma transição presidencial conservadora. O Project 2025, desenvolvido por um consórcio de organizações conservadoras, incluindo a Heritage Foundation, propõe uma reestruturação significativa do governo federal. Seus objetivos declarados incluem a “desconstrução do estado administrativo”, a contenção de agências consideradas “irresponsáveis” e a centralização do poder no poder executivo.

No que diz respeito à ciência e ao financiamento da pesquisa, o Project 2025 sugere uma série de medidas. Isso inclui a reavaliação de critérios para concessão de bolsas, a implementação de ordens executivas para direcionar a pesquisa em áreas específicas e a realização de mudanças de pessoal em agências científicas para garantir o alinhamento com as prioridades da administração. O documento enfatiza a necessidade de garantir que o financiamento federal apoie pesquisas que estejam diretamente alinhadas com os interesses nacionais definidos pela administração, o que pode levar a uma reorientação de recursos de áreas consideradas menos prioritárias ou ideologicamente desalinhadas.

A influência do Project 2025 e das diretrizes do OMB tem sido observada nas propostas orçamentárias e nas políticas de revisão de bolsas. A ênfase na eficiência e na redefinição de prioridades, conforme articulado por essas entidades, tem moldado a abordagem da administração em relação à ciência. Isso inclui a busca por maior supervisão sobre como os fundos de pesquisa são utilizados e a tentativa de alinhar a agenda de pesquisa federal com uma visão política específica.

A tensão entre o poder executivo e o legislativo sobre o financiamento da ciência reflete diferentes filosofias sobre o papel do governo na pesquisa e inovação. Enquanto o Congresso tem consistentemente apoiado a pesquisa fundamental e aplicada em uma ampla gama de disciplinas, a administração tem buscado uma abordagem mais direcionada e controlada. A resolução dessas diferenças terá implicações duradouras para o futuro da ciência nos Estados Unidos, afetando desde a capacidade de resposta a crises de saúde pública até o avanço em tecnologias emergentes e a compreensão de fenômenos globais.

Fonte: https://arstechnica.com/science/2025/08/analysis-funding-science-at-past-levels-is-only-half-the-battle/

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