Síndrome de Pandas: como infecção comum na garganta pode afetar o cérebro das crianças

TÍTULO: Síndrome de Pandas: Infecção Bacteriana Comum na Garganta Pode Afetar o Cérebro Infantil
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Infecções de garganta causadas por bactérias são ocorrências frequentes na infância, um quadro clínico amplamente conhecido e geralmente de fácil manejo. Contudo, em uma parcela restrita de casos, essas infecções podem desencadear uma série de alterações comportamentais e neurológicas significativas no cérebro de crianças, um fenômeno conhecido como Síndrome de PANDAS (Pediatric Autoimmune Neuropsychiatric Disorders Associated with Streptococcal infections).

A Síndrome de PANDAS representa uma condição em que a resposta imunológica do corpo a uma infecção estreptocócica, como a faringite, se desregula e ataca erroneamente partes do próprio cérebro. Essa reação autoimune afeta principalmente os gânglios da base, estruturas cerebrais cruciais para o controle do movimento, do comportamento e das emoções. A peculiaridade da síndrome reside na sua manifestação súbita e dramática, com o surgimento abrupto de sintomas após uma infecção.

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Os sintomas associados à Síndrome de PANDAS são variados e podem incluir o desenvolvimento repentino de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) ou tiques motores e vocais. Além disso, as crianças afetadas podem apresentar uma gama de outras manifestações neuropsiquiátricas, como ansiedade de separação intensa, regressão no desenvolvimento, irritabilidade severa, mudanças abruptas de humor, dificuldades de aprendizado, problemas de sono e até mesmo enurese noturna. A intensidade e a combinação desses sintomas variam de criança para criança, mas a característica comum é a sua instalação rápida e a associação temporal com a infecção estreptocócica.

A bactéria responsável por desencadear essa cadeia de eventos é o Streptococcus pyogenes, comumente conhecido como estreptococo do grupo A. Esta bactéria é a mesma que causa a faringite estreptocócica e, em alguns casos, a escarlatina. A teoria por trás da Síndrome de PANDAS sugere que, durante a tentativa do sistema imunológico de combater a infecção, anticorpos são produzidos. Em indivíduos geneticamente predispostos, esses anticorpos podem, por um mecanismo de mimetismo molecular, confundir proteínas cerebrais com as proteínas bacterianas, atacando-as e causando inflamação e disfunção nos gânglios da base.

A raridade da Síndrome de PANDAS é um fator importante a ser considerado. Embora as infecções estreptocócicas sejam extremamente comuns na infância, apenas uma pequena fração das crianças expostas desenvolve a síndrome. Isso indica que há uma complexa interação de fatores genéticos e ambientais que contribuem para a suscetibilidade à condição. A identificação precoce da síndrome é fundamental para o manejo adequado e para evitar a progressão dos sintomas, que podem ser debilitantes para a criança e sua família.

A compreensão da Síndrome de PANDAS tem evoluído ao longo dos anos, com pesquisas contínuas buscando desvendar os mecanismos exatos pelos quais a infecção bacteriana leva a essas alterações cerebrais e comportamentais. A comunidade médica e científica tem se dedicado a aprofundar o conhecimento sobre a patofisiologia da síndrome, visando aprimorar os critérios diagnósticos e desenvolver abordagens terapêuticas mais eficazes. O reconhecimento de que uma infecção aparentemente simples pode ter repercussões tão complexas no sistema nervoso central sublinha a intrincada relação entre o sistema imunológico e o cérebro.

Os pais e cuidadores de crianças que apresentam mudanças comportamentais ou neurológicas abruptas após uma infecção de garganta devem procurar avaliação médica. A atenção aos detalhes do histórico clínico, incluindo a ocorrência de infecções recentes, é crucial para que os profissionais de saúde possam considerar a possibilidade de PANDAS. A conscientização sobre esta síndrome é vital para garantir que as crianças afetadas recebam o suporte e o tratamento necessários para mitigar os impactos em sua saúde e desenvolvimento.

A pesquisa sobre a Síndrome de PANDAS continua a ser uma área ativa, com estudos focados em identificar biomarcadores específicos, entender melhor a predisposição genética e refinar as estratégias de intervenção. O objetivo é proporcionar um diagnóstico mais rápido e preciso, permitindo que as crianças com PANDAS tenham uma melhor qualidade de vida e um desenvolvimento saudável, minimizando os efeitos a longo prazo das alterações neuropsiquiátricas.

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A complexidade da interação entre infecções, sistema imunológico e cérebro ressalta a importância de uma abordagem multidisciplinar no cuidado de crianças com suspeita ou diagnóstico de PANDAS. Profissionais de diversas especialidades, como pediatras, neurologistas, psiquiatras infantis e imunologistas, podem colaborar para oferecer um plano de tratamento abrangente que aborde tanto a infecção subjacente quanto os sintomas neuropsiquiátricos resultantes, visando a recuperação e o bem-estar da criança.

Em suma, a Síndrome de PANDAS ilustra um cenário onde uma infecção bacteriana comum na garganta, embora rara, pode ter um impacto profundo no cérebro e no comportamento infantil. A compreensão de seus mecanismos, a identificação de seus sintomas e a busca por intervenção precoce são passos essenciais para lidar com essa condição complexa e garantir o melhor prognóstico para as crianças afetadas.

Com informações de Saúde.com.br

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c754prveq9xo?at_medium=RSS&at_campaign=rss

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