Trump confirms US is seeking 10% stake in Intel. Bernie Sanders approves.

O governo dos Estados Unidos confirmou recentemente que busca adquirir uma participação de 10% na Intel, uma das maiores fabricantes de semicondutores do mundo. Esta iniciativa, considerada incomum no cenário de investimentos governamentais em empresas privadas, recebeu o apoio do Senador Bernie Sanders (I-Vt.), marcando um raro ponto de convergência entre o político progressista e a administração de Donald Trump.

A proposta, detalhada pelo Secretário de Comércio Howard Lutnick, prevê que a liberação de subsídios aprovados pela Lei CHIPS (Creating Helpful Incentives to Produce Semiconductors and Science Act) estaria condicionada à aquisição de ações sem direito a voto da Intel e, potencialmente, de outras empresas do setor de semicondutores. Lutnick sugeriu que esta abordagem permitiria ao governo dos EUA obter lucros sobre seus investimentos em fabricantes de chips.

O Senador Sanders, ao comentar sobre o plano, expressou concordância com a visão de que os contribuintes americanos poderiam se beneficiar de tais acordos. Ele afirmou: “Se as empresas de microchips obtêm lucro com os generosos subsídios que recebem do governo federal, os contribuintes da América têm direito a um retorno razoável sobre esse investimento.”

A Lei CHIPS e o Setor de Semicondutores

A Lei CHIPS, promulgada em 2022, representa um esforço bipartidário significativo para fortalecer a indústria doméstica de semicondutores dos Estados Unidos. O objetivo principal da legislação é impulsionar a pesquisa, o desenvolvimento e a fabricação de chips avançados em solo americano, reduzindo a dependência de cadeias de suprimentos estrangeiras e aumentando a segurança nacional e a competitividade econômica.

A lei autoriza bilhões de dólares em subsídios, empréstimos e garantias de empréstimos para empresas que investem na construção ou expansão de instalações de fabricação de semicondutores nos EUA. A iniciativa visa reverter a tendência de deslocalização da produção de chips, que se acentuou nas últimas décadas, e garantir que os Estados Unidos mantenham uma posição de liderança tecnológica global.

A importância estratégica dos semicondutores é fundamental para a economia moderna e para a segurança nacional. Esses componentes são essenciais para uma vasta gama de tecnologias, desde smartphones e computadores até sistemas de defesa avançados e infraestruturas críticas. A interrupção da cadeia de suprimentos de chips, como observado durante a pandemia de COVID-19, demonstrou a vulnerabilidade econômica e estratégica da dependência externa.

A Lei CHIPS foi projetada para mitigar esses riscos, incentivando o investimento privado e a inovação. Os fundos são destinados a apoiar a construção de novas fábricas (fábricas de chips ou “fabs”), a modernização de instalações existentes e o desenvolvimento de tecnologias de ponta. O governo busca, através desses investimentos, criar empregos de alta qualificação e fortalecer a base industrial do país.

A Posição Estratégica da Intel

A Intel, com sua longa história e sua posição como uma das maiores fabricantes de chips do mundo, é uma beneficiária proeminente dos fundos da Lei CHIPS. A empresa tem planos ambiciosos para expandir sua capacidade de fabricação nos Estados Unidos, incluindo a construção de novas fábricas e a modernização de suas operações existentes.

A empresa tem anunciado investimentos substanciais em novas instalações de fabricação em estados como Ohio e Arizona, projetos que se alinham diretamente com os objetivos da Lei CHIPS de aumentar a produção doméstica de semicondutores. Esses projetos representam um compromisso significativo com a revitalização da fabricação de chips nos EUA e são vistos como cruciais para a segurança da cadeia de suprimentos.

A Intel é uma das poucas empresas capazes de projetar e fabricar os chips mais avançados, o que a torna um ativo estratégico para os Estados Unidos. O apoio governamental à Intel e a outras empresas do setor é justificado pela necessidade de garantir que o país tenha acesso a uma capacidade de produção robusta e tecnologicamente avançada.

O Plano de Participação Acionária

A proposta de o governo adquirir uma participação de 10% na Intel, e possivelmente em outras empresas, introduz um novo elemento na estratégia de apoio à indústria. Tradicionalmente, os subsídios governamentais são concedidos como incentivos diretos, sem a exigência de uma participação acionária em troca.

A aquisição de ações sem direito a voto significa que o governo teria uma participação financeira nos lucros da empresa, mas não teria influência sobre suas decisões de gestão ou operações. Este modelo permitiria ao governo beneficiar-se do sucesso financeiro das empresas que recebem fundos públicos, sem se envolver diretamente na governança corporativa.

O Secretário Lutnick enfatizou que o objetivo é garantir que os contribuintes recebam um retorno sobre o investimento público. Ao invés de apenas fornecer subsídios, o governo buscaria compartilhar os ganhos futuros das empresas que se beneficiam da Lei CHIPS. Esta abordagem visa criar um mecanismo de retorno financeiro para o erário público, alinhando os interesses do governo com o sucesso das empresas apoiadas.

A justificativa apresentada é que, se as empresas prosperam significativamente com o auxílio de fundos federais, uma parte desse sucesso deveria reverter para os cidadãos que, através de seus impostos, financiaram esses subsídios. Este conceito de “retorno razoável” sobre o investimento público é central para a argumentação dos proponentes do plano.

Apoio de Bernie Sanders

O apoio do Senador Bernie Sanders a esta iniciativa é notável, dada sua posição política geralmente crítica em relação ao que ele descreve como “bem-estar corporativo” e sua defesa de maior responsabilidade por parte das grandes empresas. A concordância de Sanders com a administração Trump neste ponto específico reflete uma prioridade compartilhada em garantir que os fundos públicos sejam utilizados de forma a beneficiar diretamente os contribuintes.

Sanders tem sido um defensor consistente da ideia de que as empresas que recebem apoio governamental devem ter obrigações claras para com o público. Sua declaração sobre o direito dos contribuintes a um retorno sobre o investimento alinha-se com sua filosofia de que os lucros gerados com o auxílio de recursos públicos não devem beneficiar exclusivamente os acionistas e executivos das empresas.

Para Sanders, a proposta de adquirir participações acionárias representa um mecanismo para garantir que o sucesso das empresas de semicondutores, impulsionado por bilhões em subsídios federais, se traduza em benefícios tangíveis para o povo americano. Ele vê isso como uma forma de responsabilizar as corporações e garantir que o dinheiro dos contribuintes seja investido de forma prudente e com um retorno esperado.

O Contexto da Administração Trump

A confirmação do plano pela administração Trump insere-se em um contexto mais amplo de políticas econômicas focadas na revitalização da indústria doméstica e na proteção de setores estratégicos. A abordagem de “America First” de Trump frequentemente enfatizou a importância de trazer a produção de volta aos Estados Unidos e de fortalecer a base industrial do país.

Embora a aquisição de participações acionárias em empresas privadas não seja uma prática comum para o governo dos EUA em tempos de paz e fora de crises financeiras, a proposta reflete uma disposição de explorar novas ferramentas para alcançar objetivos econômicos e de segurança nacional. A ênfase na proteção de indústrias críticas, como a de semicondutores, tem sido uma constante em diversas administrações, mas a metodologia proposta aqui é distintiva.

A busca por uma participação acionária pode ser vista como uma tentativa de maximizar o impacto do investimento governamental e de garantir que os benefícios econômicos permaneçam dentro do país. A administração buscou, em diversas ocasiões, utilizar o poder do governo para influenciar o comportamento corporativo e direcionar investimentos para setores considerados estratégicos para a economia e a segurança nacional.

Implicações e Próximos Passos

A proposta de o governo dos EUA adquirir participações acionárias em empresas de semicondutores, começando pela Intel, representa uma evolução na forma como os subsídios industriais podem ser estruturados. Se implementado, este modelo poderia estabelecer um precedente para futuros programas de apoio governamental em setores estratégicos.

A discussão em torno da aquisição de ações sem direito a voto destaca a complexidade de equilibrar o apoio governamental à indústria com a necessidade de proteger os interesses dos contribuintes. A transparência e a prestação de contas sobre como esses investimentos são geridos e como os retornos são calculados seriam elementos cruciais para a implementação bem-sucedida do plano.

A iniciativa sublinha a crescente preocupação com a segurança da cadeia de suprimentos de semicondutores e a determinação do governo dos EUA em garantir a resiliência e a liderança tecnológica do país. A colaboração incomum entre diferentes espectros políticos em torno desta proposta reflete a percepção generalizada da importância estratégica da indústria de chips para o futuro econômico e de segurança dos Estados Unidos.

Fonte: https://arstechnica.com/tech-policy/2025/08/bernie-sanders-backs-trumps-plan-to-buy-stake-in-intel/

Para seguir a cobertura, veja também confirms.

Deixe um comentário