Palestinos deixam Cidade de Gaza após Israel dizer que ofensiva começou

Moradores da Cidade de Gaza iniciaram um movimento de deslocamento em massa, seguindo anúncios das Forças de Defesa de Israel (FDI) sobre o aprofundamento de suas operações militares na região. Este êxodo populacional ocorre em meio a uma intensificação das ações militares israelenses, que, segundo declarações oficiais, visam a infraestrutura do grupo palestino Hamas.

Um porta-voz militar israelense afirmou que as tropas estão focadas em causar danos significativos à ‘infraestrutura terrorista’ mantida pelo Hamas. Esta infraestrutura, conforme descrito por Israel, inclui uma rede de túneis subterrâneos, centros de comando e controle, depósitos de armas e locais de lançamento de foguetes, muitos dos quais estariam localizados sob ou próximos a áreas civis.

O deslocamento de civis da parte norte da Faixa de Gaza, incluindo a Cidade de Gaza, tem sido um elemento central da resposta humanitária e militar. As FDI emitiram avisos para que os residentes se movessem para o sul, indicando que as operações militares se concentrariam nas áreas ao norte. Este apelo resultou em um fluxo contínuo de pessoas buscando refúgio em regiões consideradas mais seguras.

Milhares de palestinos têm percorrido rotas designadas, muitas vezes a pé ou em veículos improvisados, carregando pertences essenciais. Relatos de agências humanitárias e observadores no terreno descrevem as condições do deslocamento como desafiadoras, com escassez de água, alimentos e abrigo adequados ao longo do percurso e nos locais de destino.

A ofensiva militar israelense é uma resposta direta aos ataques perpetrados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 contra comunidades no sul de Israel. Naquela data, combatentes do Hamas invadiram território israelense, resultando em mortes de civis e militares, além da tomada de reféns. Israel classificou os ataques como atos de terrorismo e declarou seu objetivo de desmantelar as capacidades militares e de governo do Hamas na Faixa de Gaza.

Desde então, as operações israelenses em Gaza incluíram uma campanha aérea intensiva, seguida por incursões terrestres. As FDI têm reportado a destruição de alvos associados ao Hamas, incluindo postos de comando, lançadores de foguetes e entradas de túneis. A estratégia declarada é a de degradar a capacidade do Hamas de operar e lançar ataques contra Israel.

O Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde 2007, é classificado como uma organização terrorista por vários países, incluindo Estados Unidos, União Europeia e Israel. O grupo possui um braço militar significativo e tem sido responsável por ataques com foguetes contra Israel e outras ações hostis ao longo dos anos. A presença de sua infraestrutura dentro de áreas urbanas densamente povoadas tem sido um ponto de contencioso e um desafio para as operações militares.

A situação humanitária na Faixa de Gaza tem se deteriorado rapidamente devido ao conflito. O bloqueio imposto por Israel e o Egito, juntamente com a interrupção do fornecimento de eletricidade, água e combustível, agravaram a crise. Hospitais na região enfrentam uma sobrecarga de pacientes e uma grave escassez de suprimentos médicos e energia para operar equipamentos essenciais.

Agências das Nações Unidas, como a UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente) e a OCHA (Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários), têm alertado repetidamente sobre a gravidade da crise humanitária. Elas relatam que os abrigos estão superlotados, e a capacidade de fornecer ajuda essencial é severamente limitada devido à insegurança e às restrições de acesso.

A comunidade internacional tem expressado preocupação com o impacto do conflito sobre a população civil. Diversos países e organizações internacionais têm apelado por pausas humanitárias para permitir a entrega de ajuda e a saída de civis feridos. Esforços diplomáticos estão em curso para mediar a situação e buscar soluções para a crise.

O movimento de pessoas para o sul da Faixa de Gaza tem sobrecarregado as cidades receptoras, como Khan Younis e Rafah. Essas áreas já densamente povoadas agora abrigam um número ainda maior de deslocados, colocando pressão adicional sobre os recursos e serviços existentes. A infraestrutura civil, incluindo escolas e hospitais, tem sido convertida em abrigos improvisados, mas a capacidade é insuficiente para atender às necessidades de todos.

A questão dos túneis do Hamas é um foco central das operações israelenses. Israel afirma que o Hamas construiu uma extensa rede subterrânea, apelidada de ‘Metrô de Gaza’, que é usada para movimentar combatentes, armas e suprimentos, bem como para lançar ataques. A destruição desses túneis é apresentada como um objetivo chave para neutralizar as capacidades do grupo.

A Faixa de Gaza, uma das áreas mais densamente povoadas do mundo, apresenta desafios únicos para operações militares. A proximidade de alvos militares e civis levanta preocupações sobre baixas civis, um ponto frequentemente levantado por organizações de direitos humanos e governos estrangeiros. Israel afirma tomar precauções para minimizar danos a civis, enquanto o Hamas é acusado de usar civis como escudos humanos.

A entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza tem sido um processo complexo e limitado. O posto de fronteira de Rafah, que liga Gaza ao Egito, tem sido o principal ponto de entrada para suprimentos essenciais, mas o volume de ajuda que consegue entrar é considerado insuficiente para as necessidades crescentes da população. A coordenação e a segurança da entrega de ajuda permanecem como desafios significativos.

A situação dos hospitais é particularmente crítica. Muitos estão operando com capacidade mínima ou foram forçados a fechar devido à falta de combustível, eletricidade e suprimentos médicos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras agências de saúde têm alertado sobre o colapso iminente do sistema de saúde em Gaza, com consequências graves para os feridos e doentes.

A escassez de água potável é outra preocupação premente. A infraestrutura de água foi danificada, e o acesso a fontes seguras é limitado, aumentando o risco de doenças transmitidas pela água. A falta de combustível afeta a capacidade de operar bombas de água e estações de tratamento de esgoto, exacerbando a crise sanitária.

O futuro imediato da população deslocada permanece incerto. A duração das operações militares e as condições para um retorno seguro à Cidade de Gaza e outras áreas do norte são questões em aberto. A comunidade internacional continua a monitorar a situação e a buscar vias para aliviar o sofrimento da população civil na Faixa de Gaza.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cpv0xjye3yxo?at_medium=RSS&at_campaign=rss

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