O cenário político brasileiro para as eleições de 2026 tem sido objeto de intensa observação e análise por parte de especialistas e institutos de pesquisa. Uma das perspectivas que emergem desse panorama é a avaliação do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, e a dinâmica interna do movimento bolsonarista, que pode influenciar a ascensão de novas lideranças.
De acordo com o cientista político Andrei Roman, diretor da AtlasIntel, o presidente Lula não se posiciona, neste momento, como favorito para o pleito de 2026. Roman aponta para a existência de um “teto” na avaliação do presidente, sugerindo um limite para a melhora de sua popularidade e aprovação junto ao eleitorado. Essa percepção é um dos elementos que moldam as discussões sobre as futuras disputas eleitorais no país.
Ainda segundo a análise de Roman, o cenário pode ser alterado por decisões e movimentos do ex-presidente Jair Bolsonaro. A forma como Bolsonaro e o movimento bolsonarista se posicionarem nos próximos anos é vista como um fator determinante para a configuração da corrida presidencial. Este contexto de incertezas e redefinições internas no campo da direita tem implicações diretas para figuras emergentes, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
O Papel da AtlasIntel e a Análise de Andrei Roman
A AtlasIntel é um instituto de pesquisa de opinião pública e inteligência de dados, reconhecido por sua atuação em levantamentos eleitorais e de avaliação de governos. Andrei Roman, como diretor da instituição, tem se dedicado à análise de tendências políticas e comportamentais do eleitorado brasileiro. A metodologia da AtlasIntel frequentemente utiliza pesquisas online, buscando agilidade e abrangência na coleta de dados.
A observação de Roman sobre o “teto” na avaliação de Lula reflete uma leitura das pesquisas de opinião que indicam uma parcela do eleitorado com aprovação consolidada, mas também uma resistência significativa em outros segmentos. Essa dinâmica sugere que, para o atual governo, o desafio pode não ser apenas manter sua base, mas expandir seu apoio para além de um determinado patamar, o que se mostra complexo em um ambiente político polarizado.
A menção à influência das “escolhas” de Bolsonaro sublinha a centralidade do ex-presidente no debate político, mesmo após sua inelegibilidade. As decisões de Bolsonaro, seja no apoio a um nome específico, na articulação de sua base ou na forma como lida com seus desafios legais, são consideradas cruciais para o futuro do campo político que ele representa.
A Avaliação do Governo Lula e Seus Desafios
Desde o início de seu terceiro mandato em janeiro de 2023, o governo Lula tem implementado uma série de políticas e enfrentado desafios em diversas frentes. Na economia, a administração tem buscado estabilizar indicadores como inflação e taxa de juros, além de promover o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Programas sociais como o Bolsa Família foram reestruturados e ampliados, e iniciativas como o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) foram lançadas com foco em infraestrutura e desenvolvimento.
No âmbito fiscal, a aprovação do Arcabouço Fiscal no Congresso Nacional representou um esforço para conciliar responsabilidade fiscal com a capacidade de investimento público. A política externa do governo também tem sido ativa, com o Brasil buscando retomar seu protagonismo em fóruns internacionais, como o G20 e os BRICS, e na agenda ambiental.
Apesar dessas ações, a avaliação do governo Lula tem mostrado variações. Pesquisas de opinião pública frequentemente apontam para uma aprovação que se mantém em patamares específicos, com oscilações que refletem a percepção da população sobre a economia, a segurança pública e a gestão de crises. O conceito de “teto” de aprovação, mencionado por Andrei Roman, pode estar relacionado a essa estabilidade em um determinado nível, indicando que uma parcela do eleitorado já tem uma opinião formada e menos suscetível a grandes mudanças.
Fatores como a polarização política, a persistência de desafios econômicos e sociais, e a comunicação governamental são elementos que contribuem para a formação da percepção pública. A capacidade do governo de gerar resultados tangíveis e de comunicar suas ações de forma eficaz são aspectos que podem influenciar a evolução de sua avaliação nos próximos anos.
O Cenário do Bolsonarismo e Suas Dinâmicas Internas
O movimento bolsonarista, que se consolidou como uma força política expressiva nos últimos anos, enfrenta um período de redefinição após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022 e sua posterior declaração de inelegibilidade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A decisão do TSE, que tornou Bolsonaro inelegível por oito anos, criou um vácuo de liderança formal no campo da direita e impôs a necessidade de buscar novos nomes para representar a base eleitoral.
Essa situação tem gerado o que pode ser descrito como uma “bagunça” ou um período de desorganização interna no bolsonarismo. A ausência de um líder inconteste para as próximas eleições presidenciais tem levado a disputas internas e à emergência de diferentes figuras que buscam preencher esse espaço. Há uma diversidade de correntes dentro do próprio movimento, incluindo setores mais ideológicos, grupos ligados ao agronegócio, militares e evangélicos, cada um com suas próprias prioridades e preferências por um sucessor.
Apesar da inelegibilidade, Jair Bolsonaro mantém uma influência considerável sobre sua base de apoiadores. Suas declarações, aparições públicas e endossos continuam a ter peso. No entanto, a ausência de sua candidatura direta força o movimento a considerar alternativas e a testar a lealdade de seus eleitores a outros nomes. Essa busca por um novo rosto para 2026 tem sido marcada por ensaios, sondagens e, por vezes, por desentendimentos públicos entre potenciais candidatos ou grupos de apoio.
A “bagunça” no bolsonarismo também se manifesta na dificuldade de construir uma narrativa unificada e de definir uma estratégia clara para as próximas eleições. A fragmentação de lideranças e a ausência de um projeto político coeso podem dificultar a mobilização da base e a atração de novos eleitores, o que abre espaço para que outros atores políticos ganhem relevância no cenário nacional.
A Ascensão de Tarcísio de Freitas no Contexto Bolsonarista
Nesse cenário de redefinição do bolsonarismo, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tem se destacado como uma figura em ascensão. Sua trajetória política é relativamente recente, tendo ganhado projeção nacional como Ministro da Infraestrutura no governo Bolsonaro. Sua gestão na pasta foi marcada por um foco em concessões e obras, o que lhe rendeu uma imagem de gestor técnico e eficiente.
A eleição de Tarcísio para o governo de São Paulo em 2022, um estado de grande peso político e econômico, consolidou sua posição como uma das principais lideranças da direita no país. Sua vitória representou um marco, considerando que ele não possuía uma trajetória política tradicional no estado e foi impulsionado pelo apoio de Jair Bolsonaro.
No governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas tem implementado uma agenda focada em gestão, infraestrutura e segurança pública. Projetos como a privatização da Sabesp, a concessão de rodovias e a modernização da máquina pública têm sido pautas centrais de sua administração. Sua postura tem sido caracterizada por um equilíbrio entre a manutenção de laços com a base bolsonarista e a busca por uma imagem de pragmatismo e diálogo com diferentes setores políticos e econômicos.
A capacidade de Tarcísio de Freitas de transitar entre o eleitorado mais ideológico e setores mais moderados da sociedade tem sido um diferencial. Ele é visto por muitos como um nome capaz de unificar diferentes alas da direita e de atrair votos para além do núcleo duro do bolsonarismo. Sua gestão em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, oferece-lhe uma plataforma robusta para demonstrar sua capacidade administrativa e construir uma base de apoio para futuras ambições políticas.
A “bagunça” no bolsonarismo, com a ausência de um nome forte e unificador para 2026, tem contribuído para o fortalecimento da posição de Tarcísio. Ele emerge como um dos principais nomes cotados para representar o campo da direita, beneficiando-se da necessidade de encontrar uma alternativa viável e com capacidade de articulação política. Sua relativa independência em relação a pautas mais radicais, combinada com sua origem no governo Bolsonaro, o posiciona de forma estratégica no tabuleiro político nacional.
São Paulo como Plataforma Política Nacional
A governança do estado de São Paulo confere a Tarcísio de Freitas uma projeção nacional significativa. São Paulo é o estado mais populoso e economicamente mais importante do Brasil, com um Produto Interno Bruto que supera o de muitos países. A gestão de um estado com essa dimensão oferece uma vitrine para a implementação de políticas públicas e para a demonstração de capacidade administrativa em larga escala.
Historicamente, o governo de São Paulo tem sido um trampolim para candidaturas presidenciais. A visibilidade e a experiência adquiridas na administração paulista são ativos importantes para qualquer político com aspirações nacionais. A atuação de Tarcísio em áreas como infraestrutura, segurança e desenvolvimento econômico no estado é acompanhada de perto por observadores políticos e pela mídia nacional.
A capacidade de Tarcísio de Freitas de gerir um estado complexo como São Paulo, de lidar com seus desafios e de promover avanços em áreas-chave, contribui para a construção de sua imagem como um líder competente e preparado. Essa percepção é fundamental para consolidar seu nome como uma alternativa viável para a disputa presidencial de 2026, especialmente em um cenário onde o campo da direita busca uma nova liderança.
Perspectivas para as Eleições de 2026
O cenário para as eleições presidenciais de 2026 se desenha com elementos de continuidade e de mudança. A avaliação do governo Lula, com o apontamento de um “teto” em sua aprovação, sugere que a disputa pode ser acirrada e que o presidente não terá um caminho fácil para a reeleição, caso decida concorrer.
Por outro lado, a situação do bolsonarismo, marcada pela inelegibilidade de Bolsonaro e pela busca por um novo nome, cria uma dinâmica de incerteza e oportunidade. A “bagunça” interna no movimento, embora represente um desafio para a unificação, também abre espaço para que novas lideranças se consolidem.
Nesse contexto, Tarcísio de Freitas emerge como um dos nomes mais fortes e promissores para representar o campo da direita. Sua ascensão é impulsionada tanto por sua própria trajetória e gestão em São Paulo quanto pela necessidade do bolsonarismo de encontrar um sucessor capaz de mobilizar sua base e atrair novos eleitores. A forma como esses elementos se desenvolverão nos próximos anos será determinante para a configuração final da corrida presidencial.
A política brasileira, conhecida por sua fluidez e imprevisibilidade, continuará a ser moldada por esses fatores, com a atenção voltada para as movimentações de Lula, Bolsonaro e as figuras que buscam se consolidar como alternativas para o futuro do país.
Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c1kzrglj0dno?at_medium=RSS&at_campaign=rss
Para seguir a cobertura, veja também bolsonarismo.