A Colômbia foi abalada por uma série de eventos violentos que resultaram na morte de pelo menos 18 pessoas, levando o presidente Gustavo Petro a descrever a jornada como um “Dia de morte”. Os incidentes ocorreram em duas regiões distintas do país: um ataque a bomba contra uma base militar em Cali, no departamento de Valle del Cauca, e a queda de um helicóptero da Polícia Nacional em Amalfi, Antioquia, que as autoridades confirmaram ter sido abatido. Os acontecimentos geraram uma onda de consternação nacional e intensificaram o debate sobre a segurança e a presença de grupos armados ilegais no território colombiano.
Ataque à Base Militar em Cali
Na madrugada de uma terça-feira, a cidade de Cali, capital do departamento de Valle del Cauca, foi palco de um violento ataque. Um artefato explosivo de grande poder foi detonado nas proximidades da Terceira Brigada do Exército Nacional, uma instalação militar estratégica localizada na zona oeste da cidade. O ataque, que ocorreu por volta das 03h30 (horário local), causou danos significativos à estrutura da base e a edifícios residenciais vizinhos, além de deixar um rastro de vítimas.
As primeiras informações indicaram que o explosivo, possivelmente um carro-bomba, foi ativado remotamente. A força da detonação foi sentida em vários bairros de Cali, acordando os moradores e gerando pânico. Equipes de emergência, incluindo bombeiros, paramédicos e unidades antiexplosivos do Exército e da Polícia Nacional, foram rapidamente mobilizadas para o local. A área foi isolada para permitir o trabalho de resgate e a avaliação dos danos.
O balanço inicial do ataque em Cali confirmou a morte de 12 militares que estavam de serviço na base no momento da explosão. Além disso, dois civis que residiam nas proximidades da instalação militar também perderam a vida devido à onda de choque e aos estilhaços. Dezenas de pessoas ficaram feridas, algumas delas em estado grave, e foram transportadas para hospitais locais. As autoridades de saúde de Cali ativaram um plano de contingência para atender à emergência, solicitando doações de sangue e mobilizando pessoal médico adicional.
O prefeito de Cali, em declarações à imprensa, condenou veementemente o ato terrorista e prometeu total apoio às investigações. Ele também decretou três dias de luto na cidade e reforçou a presença policial e militar em pontos estratégicos. A comunidade local expressou sua solidariedade às vítimas e suas famílias, enquanto as forças de segurança iniciaram uma operação de busca e captura dos responsáveis pelo ataque, que ainda não havia sido reivindicado por nenhum grupo até o momento da publicação.
Queda e Abate do Helicóptero em Antioquia
Horas após o ataque em Cali, a Colômbia enfrentou outro incidente grave, desta vez no departamento de Antioquia. Um helicóptero da Polícia Nacional, modelo Bell 212, que realizava uma missão de patrulhamento e reconhecimento na região rural do município de Amalfi, foi abatido. O incidente ocorreu em uma área de difícil acesso, caracterizada por densa vegetação e terreno montanhoso, o que dificultou as operações de resgate.
A aeronave, que transportava quatro oficiais da Polícia Nacional, incluindo o piloto, o copiloto e dois agentes de inteligência, perdeu contato com a torre de controle por volta das 10h00 (horário local). Testemunhas na área relataram ter ouvido explosões e disparos antes da queda. As equipes de busca e resgate, compostas por membros da Polícia Nacional, do Exército e da Força Aérea Colombiana, foram imediatamente acionadas. Devido à complexidade do terreno, o acesso ao local do acidente levou várias horas.
Ao chegar ao ponto da queda, as equipes confirmaram que não havia sobreviventes. Os quatro ocupantes do helicóptero foram encontrados sem vida entre os destroços da aeronave. Evidências preliminares no local, como perfurações na fuselagem e a análise de fragmentos, sugeriram que o helicóptero foi atingido por disparos de armas de fogo de alto calibre, confirmando a hipótese de abate. A Polícia Nacional lamentou profundamente a perda de seus homens e expressou condolências às famílias dos oficiais caídos em serviço.
A região de Amalfi, em Antioquia, é conhecida pela presença de grupos armados ilegais envolvidos em atividades como narcotráfico e mineração ilegal. As autoridades de segurança iniciaram uma investigação para determinar a autoria do ataque e identificar os responsáveis. Operações militares e policiais foram intensificadas na área para garantir a segurança e localizar os agressores. O incidente ressaltou os riscos enfrentados pelas forças de segurança colombianas em seu combate diário contra a criminalidade organizada.
O Balanço das Vítimas e a Reação Nacional
Os dois eventos trágicos somaram um total de 18 mortes confirmadas. O ataque em Cali resultou na perda de 12 militares e 2 civis, enquanto a queda do helicóptero em Amalfi vitimou 4 policiais. Além das fatalidades, dezenas de pessoas ficaram feridas em Cali, algumas com lesões graves que exigiram intervenção cirúrgica e cuidados intensivos. A magnitude das perdas gerou uma onda de comoção em todo o país, com mensagens de solidariedade e luto sendo expressas por diversas personalidades e instituições.
O presidente Gustavo Petro, ao tomar conhecimento dos incidentes, utilizou a frase “Dia de morte” para descrever a gravidade da situação. Em uma declaração pública, o chefe de Estado condenou os atos de violência e expressou seu pesar pelas vítimas e suas famílias. Ele reiterou o compromisso de seu governo com a segurança dos colombianos e com a busca pela paz, ao mesmo tempo em que prometeu que os responsáveis pelos ataques seriam levados à justiça. Petro enfatizou a necessidade de união nacional diante de tais desafios.
Outros membros do governo, incluindo o Ministro da Defesa e o Diretor-Geral da Polícia Nacional, também se manifestaram, reforçando a determinação das forças de segurança em combater os grupos armados ilegais e proteger a população. As bandeiras foram hasteadas a meio mastro em edifícios públicos em sinal de luto, e diversas cidades realizaram vigílias e atos de homenagem às vítimas. A sociedade civil, por sua vez, clamou por justiça e por medidas eficazes para conter a escalada da violência.
Investigações em Andamento e Contexto de Segurança
As autoridades colombianas iniciaram investigações exaustivas para esclarecer os detalhes de ambos os incidentes. No caso do ataque em Cali, o Corpo Técnico de Investigação (CTI) da Procuradoria-Geral da Nação, em conjunto com unidades especializadas do Exército e da Polícia, está coletando evidências no local da explosão. A análise de vídeos de câmeras de segurança, depoimentos de testemunhas e a perícia dos restos do artefato explosivo são cruciais para identificar os autores materiais e intelectuais do atentado.
Em Antioquia, a investigação sobre o abate do helicóptero está sendo conduzida por uma equipe multidisciplinar da Polícia Nacional e da Força Aérea, com o apoio da Procuradoria. O foco está em determinar a origem dos disparos, a localização exata dos agressores e a possível filiação a grupos armados ilegais que operam na região. A complexidade do terreno e a natureza do ataque exigem um trabalho minucioso e coordenado das diferentes forças de segurança.
Os eventos ocorrem em um momento em que o governo colombiano busca implementar uma política de “paz total”, que visa negociar com diversos grupos armados ilegais para reduzir a violência no país. No entanto, incidentes como os de Cali e Amalfi evidenciam os desafios persistentes e a complexidade do cenário de segurança na Colômbia. Regiões como Valle del Cauca e Antioquia continuam a ser pontos críticos devido à presença de dissidências das FARC, do Exército de Libertação Nacional (ELN) e de outras organizações criminosinas dedicadas ao narcotráfico e à extorsão.
A Colômbia tem um histórico de conflito armado interno que se estende por décadas. Embora o acordo de paz com as FARC em 2016 tenha representado um marco, a violência persiste em várias frentes, impulsionada por disputas territoriais, controle de rotas de narcotráfico e economias ilegais. Os ataques recentes servem como um lembrete sombrio da fragilidade da segurança em certas áreas e da necessidade contínua de esforços abrangentes para alcançar uma paz duradoura e proteger a vida dos cidadãos.
Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cj4w0rgp9v2o?at_medium=RSS&at_campaign=rss
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