Caso raro de infecção por verme parasita comedor de carne em humano é confirmado nos EUA

CATEGORIA: Saúde
DATA: Data não informada

TÍTULO: Caso Inédito de Miíase por Mosca-Varejeira-do-Novo-Mundo é Confirmado nos Estados Unidos
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CONTEÚDO:

Autoridades de saúde dos Estados Unidos confirmaram a identificação de um caso raro e preocupante de miíase em um paciente que havia retornado recentemente de El Salvador. A infecção, caracterizada pela presença de larvas de insetos em tecidos vivos, foi especificamente atribuída à temida mosca-varejeira-do-novo-mundo (Cochliomyia hominivorax), um parasita conhecido por sua capacidade de causar danos significativos em hospedeiros, incluindo humanos.

A confirmação deste diagnóstico acende um alerta para a vigilância epidemiológica, especialmente em um contexto de crescente mobilidade global. Embora a miíase seja uma condição conhecida em diversas partes do mundo, a ocorrência de um caso causado pela mosca-varejeira-do-novo-mundo em território norte-americano, com origem em uma viagem internacional, ressalta a importância da detecção precoce e do controle de parasitas exóticos.

O Que é a Miíase e a Mosca-Varejeira-do-Novo-Mundo?

A miíase é uma infestação parasitária em que larvas de moscas se desenvolvem dentro dos tecidos de um animal vertebrado vivo, incluindo seres humanos. Existem diferentes tipos de miíase, classificadas de acordo com a parte do corpo afetada e a espécie de mosca envolvida. No caso em questão, a infecção é causada pela Cochliomyia hominivorax, popularmente conhecida como mosca-varejeira-do-novo-mundo ou bicheira.

Esta espécie de mosca é particularmente virulenta. Ao contrário de outras moscas que depositam ovos em feridas já existentes ou em matéria orgânica em decomposição, a mosca-varejeira-do-novo-mundo é uma parasita obrigatória. Isso significa que suas larvas precisam de tecido vivo para se desenvolver. As fêmeas adultas são atraídas por feridas abertas, arranhões ou até mesmo orifícios naturais do corpo, onde depositam seus ovos. Uma vez eclodidos, os vermes, ou larvas, penetram na pele e começam a se alimentar do tecido subcutâneo, criando lesões que podem ser dolorosas e, se não tratadas, levar a complicações graves.

O ciclo de vida da mosca-varejeira-do-novo-mundo é relativamente rápido. Após a eclosão dos ovos, as larvas se alimentam vorazmente por cerca de 5 a 7 dias. Em seguida, elas caem do hospedeiro para o solo, onde empupam. A fase de pupa dura de 7 a 10 dias, após o que a mosca adulta emerge, pronta para acasalar e reiniciar o ciclo. A capacidade de reprodução e a agressividade das larvas em consumir tecido vivo tornam esta mosca uma praga de grande impacto, especialmente na pecuária, mas também com potencial de afetar humanos.

Raridade e Contexto Geográfico

A confirmação de um caso de miíase por mosca-varejeira-do-novo-mundo nos Estados Unidos é considerada rara devido aos esforços históricos de erradicação da praga no país. Por meio de programas intensivos que incluíram a técnica do inseto estéril (SIT), os EUA conseguiram eliminar a população nativa dessa mosca nas décadas de 1960 e 1970. Desde então, os casos registrados são quase exclusivamente importados, geralmente em viajantes que estiveram em regiões onde o parasita ainda é endêmico.

El Salvador, de onde o paciente retornou, é um dos países da América Central onde a mosca-varejeira-do-novo-mundo ainda pode ser encontrada. A presença do parasita em regiões tropicais e subtropicais das Américas, do sul dos Estados Unidos até a Argentina, tem sido um desafio contínuo para a saúde pública e animal. Programas de controle e erradicação continuam em andamento em diversos países, mas a erradicação completa é complexa devido à vasta área de ocorrência e à dificuldade de monitoramento em todas as regiões.

A reintrodução da mosca-varejeira-do-novo-mundo em áreas onde foi erradicada é uma preocupação constante. Um único caso importado pode, teoricamente, levar ao estabelecimento de uma nova população se as condições ambientais forem favoráveis e se houver hospedeiros suscetíveis disponíveis. Por isso, a vigilância em portos de entrada e a conscientização de viajantes são cruciais.

Sintomas e Diagnóstico

Os sintomas da miíase variam dependendo da localização da infestação e do número de larvas. Em geral, os pacientes podem apresentar uma lesão cutânea que se assemelha a uma furunculose, com inchaço, vermelhidão e dor. Um pequeno orifício central pode ser visível, por onde as larvas respiram e, por vezes, expelem secreções. Em alguns casos, os pacientes podem sentir movimento sob a pele. A dor pode ser intensa e progressiva à medida que as larvas crescem e se alimentam dos tecidos.

O diagnóstico é feito pela identificação visual das larvas. Em muitos casos, as larvas podem ser removidas manualmente por um profissional de saúde. É fundamental que a remoção seja completa para evitar infecções secundárias ou a persistência da infestação. A identificação da espécie da mosca é importante para fins epidemiológicos e para confirmar a origem da infecção, como neste caso da mosca-varejeira-do-novo-mundo.

A detecção precoce é vital para um tratamento eficaz e para minimizar o desconforto e os riscos de complicações. Infecções não tratadas podem levar a danos teciduais extensos, infecções bacterianas secundárias e, em casos extremos, a condições mais graves, dependendo da localização da miíase (por exemplo, ocular, nasal, cerebral, embora estas sejam mais raras).

Medidas de Prevenção e Alerta para Viajantes

Para viajantes que se dirigem a regiões onde a mosca-varejeira-do-novo-mundo é endêmica, algumas medidas preventivas são recomendadas. Evitar a exposição a moscas, especialmente em áreas rurais ou com presença de animais, é fundamental. O uso de repelentes de insetos contendo DEET ou picaridina pode ajudar a dissuadir as moscas. Cobrir feridas abertas com curativos e manter uma boa higiene pessoal também são práticas importantes.

Além disso, é aconselhável que viajantes que retornam de áreas de risco e que desenvolvam lesões cutâneas incomuns ou sintomas sugestivos de infecção parasitária procurem atendimento médico imediatamente. Informar o histórico de viagem ao profissional de saúde é crucial para um diagnóstico rápido e preciso, permitindo que os médicos considerem infecções exóticas.

As autoridades de saúde dos EUA, ao confirmar este caso, reforçam a importância da vigilância contínua e da colaboração internacional para monitorar e controlar a disseminação de doenças e parasitas. A capacidade de identificar rapidamente tais casos importados é um pilar da segurança em saúde pública, protegendo tanto os indivíduos afetados quanto a população em geral de potenciais surtos ou reintroduções de pragas erradicadas.

O paciente em questão está recebendo o tratamento adequado, e as autoridades estão monitorando a situação para garantir que não haja riscos adicionais. A ocorrência serve como um lembrete da interconexão da saúde global e da necessidade de manter sistemas robustos de vigilância e resposta a ameaças sanitárias transfronteiriças.

Com informações de Fonte Original

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c9wy0821xrlo?at_medium=RSS&at_campaign=rss

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