CATEGORIA: Segurança Pública
DATA: 27/07/2025 – 14h20
TÍTULO: Sociólogo Questiona Dinâmica de Infiltração entre Faria Lima e Crime Organizado
SLUG: sociologo-questiona-dinamica-infiltracao-faria-lima-crime-organizado
CONTEÚDO:
O sociólogo Gabriel Feltran, reconhecido por sua profunda pesquisa sobre o Primeiro Comando da Capital (PCC), apresentou uma perspectiva que desafia a compreensão convencional sobre a interação entre o crime organizado e o centro financeiro de São Paulo. Em suas declarações, Feltran afirmou que a identificação de vínculos do PCC com fundos de investimento localizados na Faria Lima não o surpreendeu. Contudo, o especialista questionou a narrativa predominante de que o crime organizado estaria se infiltrando nas estruturas do mercado financeiro.
Feltran, autor da obra “Irmãos: Uma História do PCC” e diretor de pesquisa no Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), propôs uma inversão na análise dessa dinâmica. Ele levantou a indagação sobre quem, de fato, estaria buscando “se infiltrar”. O sociólogo sugeriu que a iniciativa poderia partir de “faria limers, políticos e outros” interessados em se apropriar da vasta “economia bilionária dos mercados ilícitos”, em vez de uma infiltração unilateral do crime no setor financeiro formal.
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A análise de Gabriel Feltran baseia-se em anos de estudo sobre as complexas redes e operações do PCC, uma das maiores organizações criminosas do Brasil. Sua obra detalha a estrutura, a evolução e a capacidade de atuação da facção, que transcende as fronteiras prisionais e se estende por diversas esferas sociais e econômicas. A expertise do sociólogo confere peso à sua interpretação sobre as intersecções entre o mundo do crime e o universo financeiro, apontando para uma relação mais simbiótica do que meramente parasitária.
A Faria Lima, por sua vez, representa o coração financeiro do Brasil, abrigando sedes de grandes bancos, gestoras de fundos de investimento, corretoras e diversas instituições do mercado de capitais. A menção de “fundos” no contexto da presença do PCC sugere uma possível movimentação de capital ilícito através de mecanismos financeiros legítimos, ou a busca por oportunidades de investimento e lavagem de dinheiro que possam surgir nessas intersecções. A região é um polo de atração para grandes volumes de capital, tanto lícito quanto, potencialmente, de origem questionável.
A questão central levantada por Feltran reside na direção do fluxo de interesses. Tradicionalmente, a preocupação recai sobre como o dinheiro proveniente de atividades criminosas, como tráfico de drogas, armas, extorsão e contrabando, consegue ser “lavado” e integrado ao sistema financeiro formal, conferindo-lhe uma aparência de legalidade. No entanto, o sociólogo sugere que pode haver um interesse ativo por parte de agentes do setor formal em acessar e lucrar com a vasta riqueza gerada por esses mercados paralelos.
A “economia bilionária dos mercados ilícitos” à qual Feltran se refere é um ecossistema complexo e de grande volume financeiro. As atividades do crime organizado geram lucros exponenciais que, por sua própria natureza, precisam ser movimentados, investidos e, muitas vezes, legitimados para que possam ser usufruídos. Essa necessidade cria pontos de contato e oportunidades para que atores do setor formal, em busca de retornos elevados ou de novas fontes de capital, possam se envolver, direta ou indiretamente, com esses recursos.
A expressão “faria limers, políticos e outros” abrange um espectro de indivíduos e grupos que, por suas posições de poder e influência nos setores financeiro e político, teriam a capacidade e, possivelmente, a motivação para buscar essa apropriação. A busca por lucros rápidos e vultosos, a diversificação de investimentos em áreas de alto risco e alta recompensa, ou a obtenção de poder e influência através do controle de fluxos financeiros, mesmo que ilícitos, podem ser fatores que impulsionam essa “infiltração inversa” proposta por Feltran.
A declaração do sociólogo ressalta a fluidez das fronteiras entre o lícito e o ilícito, sugerindo que a relação entre o crime organizado e o sistema financeiro não é uma via de mão única, onde apenas um lado tenta penetrar o outro. Pelo contrário, pode haver uma convergência de interesses, onde ambos os lados buscam se beneficiar mutuamente, ainda que por meios distintos e com objetivos que se cruzam em pontos de vulnerabilidade do sistema.
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A perspectiva de Gabriel Feltran convida a uma reflexão mais aprofundada sobre as verdadeiras dinâmicas de poder e capital que operam nas intersecções entre o crime organizado e o sistema financeiro formal, desafiando percepções simplistas e apontando para uma complexidade que exige uma análise mais matizada das relações sociais e econômicas envolvidas.
Com informações de Exemplo Notícias
Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c5yen18603do?at_medium=RSS&at_campaign=rss
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