Na última quinta-feira, Sam Altman, CEO da OpenAI, comunicou a jornalistas durante um jantar privado que a excitação dos investidores em relação aos modelos de inteligência artificial (IA) pode estar em um patamar elevado. Ele afirmou que “alguém” perderá uma “quantia fenomenal de dinheiro”, conforme reportado pelo The Verge. Esta declaração ocorreu enquanto sua empresa, a OpenAI, estava em processo de negociação de uma venda secundária de ações, que poderia elevar sua avaliação para 500 bilhões de dólares. Meses antes, a avaliação da empresa era de 300 bilhões de dólares.
Altman expressou sua opinião sobre o cenário atual do mercado de IA, questionando se os investidores, como um todo, estariam excessivamente entusiasmados. Ele comparou a situação atual do mercado tecnológico ao colapso das empresas pontocom na década de 1990. A Wired noticiou que Altman também previu um investimento de “trilhões de dólares na construção de centros de dados em um futuro não muito distante” por parte de sua empresa. Além disso, ele projetou que o ChatGPT, um dos produtos da OpenAI, atenderá “bilhões de pessoas por dia” em breve.
Para contextualizar a projeção de usuários, o Facebook, uma das maiores plataformas de mídia social do mundo, atende aproximadamente 3 bilhões de usuários ativos mensais. A previsão de Altman para o ChatGPT implicaria que a ferramenta alcançaria quase metade da população mundial como usuários diários, e não mensais, o que representa uma perspectiva de crescimento substancial.
O Cenário de Investimento em Inteligência Artificial
O setor de inteligência artificial tem sido um foco de atenção significativo para investidores globais nos últimos anos. Empresas de tecnologia, startups e fundos de capital de risco têm direcionado volumes crescentes de capital para o desenvolvimento de soluções baseadas em IA. Este fluxo de investimento tem sido impulsionado pela percepção do potencial transformador da IA em diversas indústrias, desde a saúde e finanças até a manufatura e o entretenimento.
A ascensão dos modelos de linguagem grandes (LLMs), como o ChatGPT da OpenAI, marcou um ponto de inflexão na percepção pública e no interesse dos investidores. A capacidade desses modelos de gerar texto coerente, responder a perguntas complexas e realizar tarefas de processamento de linguagem natural em um nível avançado demonstrou aplicações práticas e comerciais em larga escala. Este avanço tecnológico tem sido acompanhado por um aumento exponencial nas avaliações de empresas que lideram o desenvolvimento de IA.
O mercado tem observado uma série de rodadas de financiamento substanciais para empresas de IA. Essas injeções de capital têm permitido que as empresas invistam pesadamente em pesquisa e desenvolvimento, aquisição de talentos e expansão de infraestrutura. A competição por talentos e recursos computacionais de ponta, como unidades de processamento gráfico (GPUs) avançadas, tem se intensificado, refletindo a demanda crescente no setor.
A valorização de empresas de IA, incluindo a OpenAI, tem sido um tópico de discussão frequente entre analistas de mercado e investidores. A velocidade com que essas avaliações têm crescido tem sido notável, com algumas empresas atingindo status de “decacórnio” (avaliação acima de 10 bilhões de dólares) ou até mesmo “hectocórnio” (avaliação acima de 100 bilhões de dólares) em períodos relativamente curtos. Este rápido aumento de valor reflete as expectativas do mercado sobre o futuro impacto econômico e social da IA.
A Trajetória de Avaliação da OpenAI
A OpenAI, uma organização de pesquisa e desenvolvimento de inteligência artificial, tem sido um dos principais catalisadores do recente entusiasmo em torno da IA. Fundada em 2015 com a missão de garantir que a inteligência artificial geral (AGI) beneficie toda a humanidade, a empresa inicialmente operava como uma organização sem fins lucrativos. No entanto, em 2019, a OpenAI reestruturou-se para incluir uma entidade com fins lucrativos, permitindo-lhe levantar capital externo para financiar suas ambiciosas pesquisas e o desenvolvimento de modelos de IA em larga escala.
A introdução do ChatGPT em novembro de 2022 marcou um momento significativo para a OpenAI e para o campo da IA em geral. A ferramenta rapidamente ganhou milhões de usuários, demonstrando o poder e a acessibilidade dos modelos de linguagem grandes ao público em geral. Este sucesso impulsionou o interesse de investidores e a subsequente valorização da empresa.
Em janeiro de 2023, a OpenAI concluiu uma rodada de investimento que a avaliou em aproximadamente 29 bilhões de dólares. Esta rodada incluiu um investimento significativo da Microsoft, que já havia investido 1 bilhão de dólares na empresa em 2019. O investimento da Microsoft foi um endosso substancial à tecnologia da OpenAI e à sua visão para o futuro da IA.
Meses depois, em abril de 2023, a OpenAI estava em negociações para uma venda secundária de ações que poderia elevar sua avaliação para cerca de 80 bilhões de dólares. Esta rodada de financiamento foi relatada como uma oportunidade para funcionários venderem suas ações existentes, em vez de a empresa levantar novo capital diretamente. A demanda por ações da OpenAI continuou a crescer, refletindo a confiança dos investidores em seu potencial de crescimento e liderança no setor de IA.
A mais recente negociação de venda secundária de ações, mencionada por Sam Altman, visava uma avaliação de 500 bilhões de dólares. Este valor representa um aumento substancial em relação à avaliação de 300 bilhões de dólares que a empresa havia alcançado apenas alguns meses antes. A rapidez com que a avaliação da OpenAI tem crescido é um indicativo do intenso interesse e da alta demanda por participação na empresa, que é vista como uma das líderes na corrida pela inteligência artificial avançada.
A Comparação com a Bolha Pontocom
A comparação de Sam Altman entre o atual mercado de IA e o colapso das empresas pontocom na década de 1990 remete a um período de intensa especulação e subsequente correção no mercado de tecnologia. A bolha pontocom, que ocorreu aproximadamente entre 1995 e 2000, foi caracterizada por um rápido aumento nas avaliações de empresas baseadas na internet, muitas das quais tinham pouca ou nenhuma lucratividade. Investidores, impulsionados pelo entusiasmo com o potencial da internet, injetaram grandes somas de capital em startups, levando a avaliações inflacionadas.
Durante esse período, o índice NASDAQ Composite, que inclui muitas empresas de tecnologia, atingiu picos históricos. Empresas com modelos de negócios não comprovados ou sem lucros substanciais eram avaliadas em bilhões de dólares. A euforia do mercado era alimentada pela crença de que a internet transformaria fundamentalmente a economia e a sociedade, gerando retornos exponenciais para os primeiros investidores.
No entanto, a bolha estourou em 2000, resultando em uma queda acentuada nos preços das ações de tecnologia e na falência de inúmeras empresas pontocom. Milhões de dólares em valor de mercado foram perdidos, e muitos investidores sofreram perdas significativas. A correção foi atribuída a uma combinação de fatores, incluindo avaliações insustentáveis, falta de modelos de negócios sólidos e uma superabundância de capital de risco que levou a investimentos imprudentes.
A referência de Altman a esse período histórico sugere uma preocupação com a possibilidade de que o entusiasmo atual em torno da IA possa estar levando a avaliações que não são totalmente sustentadas por fundamentos de negócios de longo prazo. A história da bolha pontocom serve como um lembrete de que a inovação tecnológica, embora transformadora, pode ser acompanhada por ciclos de euforia e correção no mercado financeiro.
Infraestrutura e Escala de Usuários para a IA
As projeções de Sam Altman sobre a necessidade de “trilhões de dólares na construção de centros de dados” e o atendimento a “bilhões de pessoas por dia” com o ChatGPT destacam os requisitos massivos de infraestrutura e a escala de adoção que a inteligência artificial avançada pode demandar.
A operação de modelos de IA em larga escala, como os desenvolvidos pela OpenAI, exige uma quantidade colossal de poder computacional. Isso se traduz na necessidade de vastos centros de dados equipados com milhares de unidades de processamento gráfico (GPUs) de alto desempenho, que são especializadas em processamento paralelo e são essenciais para o treinamento e a inferência de modelos de IA. Além das GPUs, esses centros de dados requerem sistemas de resfriamento avançados, fontes de energia robustas e redes de alta velocidade para gerenciar o fluxo de dados.
O treinamento de um único modelo de linguagem grande pode consumir uma quantidade significativa de energia e recursos computacionais, com custos que podem chegar a milhões de dólares. À medida que os modelos se tornam maiores e mais complexos, e à medida que a demanda por seus serviços aumenta, os custos de infraestrutura e operação escalam proporcionalmente. A projeção de Altman de “trilhões de dólares” reflete a magnitude do investimento necessário para construir e manter a infraestrutura global que suportaria a IA em uma escala verdadeiramente massiva.
A meta de atender “bilhões de pessoas por dia” com o ChatGPT representa um desafio de escala sem precedentes para uma aplicação de IA. Atualmente, poucas plataformas digitais no mundo alcançam esse nível de engajamento diário. O Facebook, por exemplo, reporta cerca de 3 bilhões de usuários ativos mensais em suas plataformas. Alcançar bilhões de usuários *diários* para uma ferramenta de IA implicaria uma penetração global profunda e uma integração generalizada na vida cotidiana das pessoas.
Para atingir essa escala, o ChatGPT e outras ferramentas de IA precisariam ser incorporadas em uma vasta gama de produtos e serviços, tornando-se uma parte fundamental da interação digital para uma parcela significativa da população mundial. Isso exigiria não apenas a capacidade técnica de processar bilhões de consultas por dia, mas também a superação de barreiras de idioma, acesso à internet e aceitação cultural em diversas regiões do mundo. A visão de Altman aponta para um futuro onde a IA não é apenas uma ferramenta especializada, mas uma utilidade global, acessível e utilizada por uma grande parte da humanidade em uma base diária.
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