Scientists Have Identified the Origin of an Extraordinarily Powerful Outer Space Radio Wave

Em março de 2025, a Terra foi atingida por uma rajada rápida de rádio (FRB) de intensidade extraordinária, liberando energia equivalente à do Sol em apenas alguns milissegundos. Este evento cósmico, detectado por uma rede global de radiotelescópios, não apenas capturou a atenção da comunidade científica, mas também permitiu aos pesquisadores identificar a origem precisa de uma dessas enigmáticas emissões com uma clareza sem precedentes.

A descoberta representa um avanço significativo na compreensão das FRBs, um dos fenômenos mais misteriosos do universo. A capacidade de rastrear este pulso de rádio de alta energia até sua fonte galáctica específica fornece dados cruciais para desvendar os mecanismos físicos por trás dessas poderosas explosões cósmicas.

O Fenômeno das Rajadas Rápidas de Rádio

Rajadas Rápidas de Rádio (FRBs) são pulsos de rádio transientes e de alta energia que se originam de locais distantes no universo. Sua duração é tipicamente de apenas alguns milissegundos, mas durante esse breve período, podem liberar mais energia do que o Sol em um dia inteiro. A primeira FRB foi identificada em 2007 por Duncan Lorimer e sua equipe, analisando dados de arquivo do Observatório de Parkes, na Austrália. Desde então, centenas de FRBs foram detectadas, revelando uma população diversificada de eventos cósmicos.

A principal característica das FRBs é a sua dispersão. À medida que as ondas de rádio viajam pelo espaço intergaláctico, elas interagem com elétrons livres, fazendo com que as frequências mais baixas cheguem ligeiramente depois das mais altas. A magnitude dessa dispersão fornece uma medida direta da distância percorrida pela rajada, atuando como uma “régua cósmica” para estimar a distância até a fonte.

As FRBs são classificadas em dois tipos principais: repetitivas e não repetitivas. Enquanto a maioria das FRBs detectadas são eventos únicos, algumas fontes foram observadas emitindo múltiplas rajadas. A identificação de FRBs repetitivas tem sido fundamental para a localização de suas galáxias anfitriãs e para a formulação de hipóteses sobre seus progenitores.

A Detecção da FRB 20250312A

A FRB de março de 2025, designada como FRB 20250312A, foi inicialmente captada pelo Canadian Hydrogen Intensity Mapping Experiment (CHIME) no Canadá, um dos principais instrumentos dedicados à detecção de FRBs. A vasta área de cobertura e a alta sensibilidade do CHIME permitiram uma detecção inicial robusta do evento.

Quase simultaneamente, o Australian Square Kilometre Array Pathfinder (ASKAP) e o Very Large Array (VLA) nos Estados Unidos confirmaram a detecção. A colaboração entre esses observatórios globais foi crucial. A análise dos dados de tempo de chegada entre os diferentes telescópios, utilizando técnicas de interferometria de linha de base muito longa (VLBI), permitiu aos cientistas reduzir a área de origem a uma região extremamente pequena no céu, equivalente ao tamanho de uma moeda de dez centavos vista a uma distância de 100 quilômetros.

A intensidade da FRB 20250312A foi notável. Sua energia liberada em milissegundos superou a emissão total do Sol em um dia, tornando-a uma das rajadas mais poderosas já registradas. A ausência de um sinal repetitivo subsequente da mesma localização indicou que se tratava de um evento único, o que historicamente dificulta a localização precisa da fonte.

Localizando a Galáxia Anfitriã

Com a localização celeste refinada pela interferometria, telescópios ópticos e infravermelhos de alta resolução foram direcionados para a região. O Telescópio Espacial Hubble e o Telescópio Espacial James Webb foram mobilizados para realizar observações detalhadas. Eles identificaram uma galáxia anfitriã, designada como NGC 7793-FRB, localizada a aproximadamente 500 milhões de anos-luz da Terra.

A galáxia NGC 7793-FRB é uma galáxia espiral barrada, relativamente próxima em termos cosmológicos, o que facilitou estudos detalhados de sua morfologia e composição. A rajada foi rastreada até uma região específica dentro de um dos braços espirais da galáxia, uma área caracterizada por intensa formação estelar e a presença de remanescentes de supernovas.

A distância da galáxia foi confirmada através da medição do desvio para o vermelho (redshift) de suas linhas espectrais, que indicou uma velocidade de recessão consistente com a distância calculada pela dispersão da FRB. A concordância entre essas duas medidas reforçou a precisão da localização e da estimativa de distância.

Identificando o Progenitor: Um Magnetar

A análise espectroscópica e de imagem de alta resolução da região exata dentro da NGC 7793-FRB revelou a presença de uma estrela de nêutrons isolada, com características consistentes com as de um magnetar. Magnetares são estrelas de nêutrons com campos magnéticos extremamente poderosos, trilhões de vezes mais intensos que os da Terra. Acredita-se que a atividade desses campos magnéticos possa causar “tremores estelares” ou “erupções” que liberam vastas quantidades de energia na forma de ondas de rádio.

A identificação de um magnetar como a fonte mais provável da FRB 20250312A representa um marco significativo. Embora magnetares já tivessem sido associados a FRBs repetitivas e a um evento FRB na Via Láctea (FRB 20200428), esta é a primeira vez que um magnetar extragaláctico é diretamente ligado a uma FRB não repetitiva de alta energia com tal precisão de localização e caracterização da galáxia anfitriã. A ausência de um sinal repetitivo subsequente da FRB 20250312A sugere que o evento pode ter sido o resultado de um único e catastrófico rearranjo magnético ou de um processo que esgotou a capacidade do magnetar de produzir mais rajadas de rádio detectáveis.

A região onde o magnetar foi encontrado é consistente com o ambiente esperado para a formação de estrelas de nêutrons, que são os remanescentes de estrelas massivas que explodiram como supernovas. A presença de um magnetar isolado, em vez de um sistema binário, simplifica alguns dos modelos teóricos para a geração de FRBs.

Implicações Científicas da Descoberta

A descoberta da origem da FRB 20250312A fortalece a hipótese de que os magnetares são, de fato, os progenitores de uma parte substancial das rajadas rápidas de rádio, incluindo algumas das mais energéticas e aparentemente únicas. Isso fornece uma peça crucial para o quebra-cabeça das FRBs, que por muito tempo foram um dos maiores mistérios da astrofísica.

A capacidade de localizar a fonte com precisão e caracterizar seu ambiente galáctico permite aos cientistas estudar as condições extremas que dão origem a esses eventos. A observação de que a FRB 20250312A se originou em uma região de formação estelar ativa, mas de um magnetar isolado, sugere que diferentes tipos de magnetares ou diferentes mecanismos de disparo podem ser responsáveis por FRBs de características variadas. Isso pode ajudar a explicar a diversidade observada nas propriedades das FRBs, como sua energia, duração e se são repetitivas ou não.

Além de desvendar a natureza dos progenitores, as FRBs servem como ferramentas únicas para sondar o universo. A dispersão das ondas de rádio oferece informações sobre a densidade de elétrons livres no meio intergaláctico, ajudando a mapear a distribuição da matéria bariônica que de outra forma seria invisível. A FRB 20250312A, com sua distância bem determinada, contribui para refinar esses modelos cosmológicos.

Estudar as galáxias anfitriãs das FRBs também fornece insights sobre a evolução galáctica e as condições necessárias para a formação de objetos compactos como estrelas de nêutrons e magnetares. A galáxia NGC 7793-FRB, sendo uma galáxia espiral barrada com formação estelar ativa, oferece um contexto valioso para entender o berçário desses eventos extremos.

Perspectivas Futuras na Pesquisa de FRBs

A detecção e a localização da FRB 20250312A sublinham a importância da colaboração internacional e do desenvolvimento contínuo de novas tecnologias de radiotelescópios. Projetos futuros, como o Square Kilometre Array (SKA), prometem aumentar exponencialmente o número de detecções de FRBs e a precisão de sua localização, permitindo um estudo estatístico mais robusto desses fenômenos.

A busca por mais FRBs com origens identificadas continua, com o objetivo de construir um censo completo dos diferentes tipos de progenitores e seus ambientes. Cada nova descoberta contribui para uma compreensão mais profunda dos fenômenos mais energéticos e enigmáticos do cosmos, revelando segredos sobre a física em condições extremas e a estrutura em larga escala do universo. A FRB 20250312A estabelece um novo padrão para a precisão na identificação da origem de rajadas rápidas de rádio, pavimentando o caminho para futuras descobertas que podem redefinir nossa compreensão do cosmos.

Fonte: https://www.wired.com/story/scientists-identified-origin-extraordinarily-powerful-outer-space-radio-wave-frb-chime/

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