TÍTULO: Showrunner Emprega Inteligência Artificial para Restaurar Cenas Perdidas de Clássico de Orson Welles
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A Showrunner, uma startup que busca inovar a indústria do entretenimento, anunciou recentemente um projeto ambicioso para restaurar um clássico do cinema: Soberba (The Magnificent Ambersons), de Orson Welles. A iniciativa envolve o desenvolvimento de um novo modelo de inteligência artificial generativa, projetado para recriar cenas perdidas do filme de 1942, com o objetivo de apresentar a obra conforme a visão original do aclamado diretor.
O filme Soberba, uma adaptação do romance de Booth Tarkington de 1918, narra a história de uma família cuja vasta fortuna é gradualmente corroída pela industrialização impulsionada pela tecnologia. Orson Welles, em sua concepção inicial, havia criado uma versão com 131 minutos de duração. No entanto, a RKO, uma das produtoras do projeto, interveio e reduziu o filme para 88 minutos sem o consentimento do diretor, após ele perder o controle do processo de edição. Essa versão editada pelo estúdio, apesar de ter sido indicada a quatro Oscars e amplamente considerada uma das melhores obras de Welles, foi renegada por ele. O diretor, que a RKO acusava de ser difícil de trabalhar, teria expressado que “eles destruíram Ambersons e isso me destruiu”.
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A Visão Original de Welles e o Desafio da Restauração
A Showrunner acredita que a inteligência artificial generativa pode ser a chave para resgatar essas cenas perdidas, oferecendo ao público a oportunidade de vivenciar Soberba como Welles originalmente pretendia. Edward Saatchi, cofundador da Showrunner, em declaração ao The Hollywood Reporter sobre o novo projeto, reconheceu que a IA generativa, em seu estado atual, “não consegue sustentar uma história além de um episódio curto”. Contudo, ele demonstrou confiança de que “a tecnologia está se aproximando da capacidade de gerar filmes inteiros com IA”.
Welles deixou notas detalhadas sobre como desejava que Soberba fosse editado, mas a RKO não seguiu suas instruções e, posteriormente, destruiu os negativos correspondentes às cenas perdidas por questões de armazenamento. Para contornar esses obstáculos, a Showrunner planeja combinar aproximações geradas por IA do que Welles poderia ter filmado com sequências que apresentarão atores reais, cujos rostos serão manipulados por IA generativa para se assemelharem aos membros do elenco original. De acordo com a IndieWire, o modelo FILM-1 da Showrunner será utilizado para gerar os quadros-chave do material ausente, e fotografias de cenário servirão para criar o “ambiente espacial” das cenas.
Colaborações e Precedentes na Reconstrução
Para concretizar o projeto, a Showrunner recrutou Tom Clive, um artista de efeitos visuais de IA especializado em troca de rostos. Clive já trabalhou em produções como Alien: Romulus e Here, enquanto atuava na Metaphysic. A startup também conta com a colaboração do cineasta Brian Rose, que anteriormente tentou uma restauração de Soberba por conta própria, utilizando animação desenhada à mão baseada no roteiro de filmagem de 1942 e fotografias de arquivo da produção original.
Em entrevista à NPR em 2023, Rose mencionou que preencher suas cenas recriadas com personagens foi um dos aspectos mais desafiadores de seu empreendimento. Ele também observou que, devido aos direitos de propriedade intelectual de Soberba pertencerem à Warner Bros. Discovery, havia incerteza sobre a legalidade de lançar seu projeto, e a ideia era “pedir perdão depois”.
Questões de Propriedade Intelectual e a Estratégia da Showrunner
A Showrunner não é estranha à abordagem de “fazer primeiro e se preocupar com as consequências depois”. A startup já havia ganhado as manchetes por lançar episódios não autorizados de South Park, criados com seus modelos internos de IA generativa. No entanto, a empresa parece estar tentando se antecipar a possíveis problemas legais ao optar por não monetizar seu projeto de restauração de Soberba.
Saatchi explicou ao THR que o objetivo principal não é lucrar com os minutos de filmagem perdidos, mas sim “vê-los existir no mundo após 80 anos de pessoas se perguntando ‘poderia este ter sido o melhor filme já feito em sua forma original?'”. Ele acrescentou que a Showrunner entregará sua criação aos detentores da propriedade intelectual, caso eles “vejam um mercado para isso e um caminho para ele fora de um contexto acadêmico”. Essa postura reflete uma tentativa de legitimar o uso da IA na preservação cultural e, possivelmente, abrir portas para futuras colaborações com grandes players da indústria do entretenimento.
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O projeto da Showrunner representa um marco significativo na interseção entre tecnologia e preservação cinematográfica, levantando discussões importantes sobre o potencial da IA para resgatar obras perdidas e a complexidade das questões de direitos autorais em um cenário de inovação rápida.
Fonte: The Verge
Fonte: https://www.theverge.com/entertainment/772635/showrunner-orson-welles-the-magnificent-ambersons
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