Tesla is dragging its feet in reporting FSD and Autopilot crashes to the government

A Tesla, fabricante de veículos elétricos, encontra-se sob investigação por parte da Administração Nacional de Segurança de Tráfego Rodoviário (NHTSA) dos Estados Unidos. A apuração centra-se na falha da empresa em relatar acidentes envolvendo seus sistemas avançados de assistência ao motorista (ADAS), como o Autopilot e o Full Self-Driving (FSD), de maneira oportuna, conforme exigido pelas regulamentações federais.

As diretrizes da NHTSA estipulam que as montadoras devem reportar acidentes que envolvam recursos de assistência avançada ao motorista dentro de um a cinco dias após o incidente. No entanto, a agência identificou que a Tesla estava reportando esses acidentes com atrasos significativos, em alguns casos, “vários meses ou mais” após a ocorrência dos eventos.

Em resposta às indagações da NHTSA, a Tesla comunicou ao Escritório de Investigação de Defeitos da agência que os atrasos eram resultado de um problema em seu sistema de coleta de dados. A empresa afirmou que essa questão técnica foi resolvida. Apesar da declaração da Tesla, a NHTSA prosseguiu com a abertura de uma investigação de auditoria, um procedimento padrão para garantir a conformidade total da empresa com as exigências regulatórias.

O Contexto da Ordem Geral Permanente (SGO) de 2021

A regra em questão, que fundamenta a investigação da NHTSA, remonta a uma Ordem Geral Permanente (SGO) emitida em junho de 2021. Esta ordem estabeleceu requisitos rigorosos para a coleta e o relatório de dados de acidentes envolvendo sistemas de condução automatizada.

A SGO foi implementada em um período de crescente adoção de tecnologias ADAS e veículos autônomos, com o objetivo de fornecer à NHTSA uma visão abrangente e em tempo real sobre o desempenho de segurança desses sistemas. A agência busca utilizar esses dados para identificar tendências, avaliar riscos e desenvolver políticas e regulamentações informadas para garantir a segurança pública.

De acordo com a SGO, tanto as montadoras quanto as empresas de robotáxis são obrigadas a documentar colisões nas quais um sistema de condução automatizada estava em uso nos 30 segundos anteriores ao impacto. Esses incidentes devem ser relatados ao governo federal dentro dos prazos estipulados, que variam de um a cinco dias, dependendo da gravidade do acidente e do tipo de sistema envolvido.

A ordem abrange uma ampla gama de tecnologias, desde sistemas de assistência ao motorista de Nível 2, que exigem supervisão humana constante, até veículos totalmente autônomos de Nível 4 e 5, que operam sem intervenção humana em determinadas condições ou em todas as condições, respectivamente.

Padrões de Relatórios e Descobertas da Agência

A investigação da NHTSA sobre os atrasos nos relatórios da Tesla destaca a importância da conformidade com os prazos estabelecidos pela SGO. A capacidade da agência de coletar dados de acidentes de forma rápida e precisa é fundamental para sua missão de segurança veicular. Atrasos significativos podem comprometer a análise em tempo hábil de padrões de segurança e a identificação de possíveis defeitos ou riscos associados aos sistemas ADAS.

A auditoria em andamento pela NHTSA visa verificar não apenas a correção do problema de coleta de dados alegado pela Tesla, mas também a integridade e a completude dos dados reportados. Este tipo de investigação pode envolver a revisão de processos internos da empresa, sistemas de registro de dados e a validação das informações fornecidas à agência.

Dados de Acidentes Envolvendo Sistemas Tesla

Desde a implementação da SGO em 2021, a Tesla reportou mais de 2.300 acidentes ao governo federal, conforme dados da NHTSA. Esses relatórios fornecem uma base de dados significativa para a avaliação do desempenho de segurança dos sistemas Autopilot e FSD da empresa.

Uma análise dos dados de acidentes reportados sob a SGO revela que, do total de 43 acidentes fatais registrados, 40 envolveram veículos Tesla equipados com seus sistemas de assistência ao motorista. Este dado sublinha a relevância da investigação da NHTSA e a necessidade de relatórios precisos e oportunos para entender o papel desses sistemas em incidentes graves.

É importante notar que a presença de um sistema ADAS em um acidente não implica automaticamente que o sistema foi a causa primária. A investigação de cada incidente busca determinar todos os fatores contribuintes, incluindo o comportamento do motorista, as condições da estrada e o desempenho do sistema de assistência.

Níveis de Automação de Condução e Tecnologia Tesla

Para compreender o contexto dos sistemas da Tesla, é essencial diferenciar os níveis de automação de condução, conforme padronizado pela SAE International (Sociedade de Engenheiros Automotivos) na norma J3016. Esta classificação varia do Nível 0 (sem automação) ao Nível 5 (automação total).

Os recursos Autopilot e Full Self-Driving da Tesla são classificados como tecnologia de Nível 2. Nesta categoria, o veículo pode controlar a direção e a aceleração/desaceleração simultaneamente, mas o motorista humano é obrigado a permanecer totalmente engajado na tarefa de dirigir, monitorar o ambiente e estar pronto para intervir a qualquer momento. A responsabilidade final pela condução recai sobre o motorista.

Sistemas de Nível 2 e Nível 4

A distinção entre Nível 2 e níveis superiores, como o Nível 4, é crucial. Em contraste com os sistemas da Tesla, empresas como a Waymo, subsidiária da Alphabet, utilizam tecnologia de Nível 4. Veículos de Nível 4 são considerados de “alta automação”, o que significa que podem operar de forma autônoma em condições específicas e dentro de áreas geográficas predefinidas (domínios operacionais de projeto – ODD), sem a necessidade de intervenção humana. Nesses sistemas, o veículo é capaz de lidar com todas as situações de condução e responder a falhas do sistema sem a necessidade de um motorista humano para assumir o controle.

A diferença na responsabilidade do motorista é um ponto central na regulamentação e na percepção pública da segurança. Para sistemas de Nível 2, a expectativa regulatória e a responsabilidade legal permanecem firmemente com o motorista, que deve manter a atenção total na estrada e estar preparado para assumir o controle a qualquer momento. A NHTSA enfatiza consistentemente que os sistemas de Nível 2 não tornam os veículos autônomos e não substituem a necessidade de um motorista atento.

Evolução da Regulamentação e Próximos Passos

A regulamentação de tecnologias de condução automatizada é um campo em constante evolução, à medida que a tecnologia avança e mais dados de desempenho e segurança se tornam disponíveis. A NHTSA desempenha um papel fundamental nesse processo, adaptando suas diretrizes para garantir que a segurança pública seja mantida enquanto a inovação tecnológica é incentivada.

A investigação da Tesla e a auditoria subsequente são exemplos da abordagem proativa da NHTSA para garantir a conformidade e a responsabilidade no setor. A agência continua a monitorar o desempenho de segurança de todos os sistemas ADAS no mercado, utilizando os dados coletados através da SGO para informar suas decisões regulatórias.

Propostas de Revisão da SGO

No início deste ano, a NHTSA propôs uma revisão da SGO, com o objetivo de ajustar alguns dos requisitos de relatório. Essas propostas podem incluir a simplificação de certos aspectos da coleta de dados ou a redefinição de quais tipos de incidentes exigem relatórios mais detalhados, com base na experiência acumulada desde a implementação inicial da ordem.

As revisões propostas visam otimizar o processo de coleta de dados, garantindo que a agência receba as informações mais críticas e relevantes para a segurança, ao mesmo tempo em que busca equilibrar a carga de relatórios sobre as montadoras. Qualquer alteração na SGO seria implementada após um período de consulta pública e consideração de feedback da indústria e de outras partes interessadas.

A Importância da Transparência nos Dados de Segurança

A transparência nos relatórios de acidentes envolvendo sistemas avançados de assistência ao motorista é fundamental para a construção da confiança pública e para o avanço seguro da tecnologia automotiva. Dados precisos e oportunos permitem que reguladores, pesquisadores e o público compreendam melhor o desempenho desses sistemas no mundo real.

A coleta e a análise de dados de acidentes são ferramentas essenciais para identificar padrões, desenvolver melhorias de segurança e informar o design de futuras gerações de sistemas ADAS. A capacidade de uma agência reguladora como a NHTSA de acessar e analisar esses dados de forma eficiente é crucial para sua missão de proteger os usuários das estradas.

A investigação da Tesla pela NHTSA ressalta a importância da conformidade regulatória e da responsabilidade das empresas no fornecimento de informações precisas e em tempo hábil. A integridade dos dados de segurança é um pilar para a avaliação contínua e a melhoria dos sistemas de condução automatizada, contribuindo para um futuro mais seguro no transporte.

Fonte: https://www.theverge.com/tesla/763603/tesla-autopilot-fsd-crash-report-delay-nhtsa

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