US government takes 10 percent stake in Intel in exchange for money it was already on the hook for

O governo dos Estados Unidos adquiriu uma participação de 10% na Intel, uma das maiores fabricantes de semicondutores do mundo. Esta aquisição, avaliada em 8,9 bilhões de dólares, representa um movimento significativo na estratégia de Washington para fortalecer a produção doméstica de chips e a segurança da cadeia de suprimentos. A maior parte dos fundos envolvidos já estava destinada à empresa por meio de programas governamentais existentes.

A Intel confirmou o acordo em um comunicado divulgado na sexta-feira. A empresa detalhou que o investimento federal será composto por 5,7 bilhões de dólares em subsídios remanescentes da Lei CHIPS e Ciência, além de 3,2 bilhões de dólares provenientes do programa Secure Enclave. Anteriormente, a Intel já havia recebido 2,2 bilhões de dólares sob a Lei CHIPS, totalizando um apoio substancial do governo para suas operações nos EUA.

A Lei CHIPS e Ciência, promulgada com o objetivo de impulsionar a fabricação de semicondutores nos Estados Unidos, visa reduzir a dependência de cadeias de suprimentos estrangeiras e fortalecer a liderança tecnológica do país. Este programa é visto como um pilar fundamental para a segurança econômica e nacional, incentivando empresas como a Intel a expandir suas instalações de produção e pesquisa em solo americano.

O programa Secure Enclave, por sua vez, foca no desenvolvimento de tecnologias seguras e avançadas, muitas vezes com aplicações em defesa e segurança nacional. A alocação de fundos deste programa para a Intel sublinha a importância estratégica da empresa para os interesses de segurança dos EUA, especialmente no que diz respeito à produção de componentes críticos.

O Presidente Donald Trump revelou a notícia do investimento durante uma coletiva de imprensa antes do anúncio formal da Intel. Ele afirmou que o CEO da Intel, Lip-Bu Tan, concordou em ceder ao governo uma participação de 10%. A declaração do Presidente ocorreu semanas após ele ter pedido a renúncia de Tan, citando preocupações com os laços do executivo com a China. Trump posicionou o acordo como uma forma de Tan “manter seu emprego”.

Durante as negociações com Tan, o Presidente Trump relatou ter sugerido a ideia de o governo dos EUA se tornar um parceiro da Intel. “Eu disse: ‘Acho que seria bom ter os Estados Unidos como seu parceiro'”, afirmou Trump aos repórteres. Ele descreveu o acordo como “ótimo para eles”, indicando uma percepção de benefício mútuo na transação.

A Intel, em seu comunicado, esclareceu a natureza da participação governamental. A empresa afirmou que a propriedade será “passiva, sem representação no Conselho de Administração ou outros direitos de governança ou informação”. Esta condição visa assegurar que o investimento do governo não interfira nas operações diárias ou na gestão estratégica da empresa, mantendo a autonomia corporativa da Intel.

Lip-Bu Tan, CEO da Intel, expressou gratidão pelo apoio governamental. Em um comunicado à imprensa, Tan declarou: “Somos gratos pela confiança que o Presidente e a Administração depositaram na Intel, e esperamos trabalhar para avançar a liderança tecnológica e de fabricação dos EUA.” Esta declaração reforça o alinhamento da empresa com os objetivos estratégicos do governo em relação à indústria de semicondutores.

O investimento do governo federal na Intel segue-se a outro aporte financeiro significativo na empresa. Dias antes, a SoftBank anunciou planos de investir 2 bilhões de dólares na Intel, com o objetivo declarado de “expandir ainda mais” a fabricação de chips nos EUA. A convergência desses investimentos, tanto público quanto privado, destaca a crescente importância da produção doméstica de semicondutores e o esforço conjunto para fortalecer a indústria no país.

A aquisição de uma participação governamental em uma empresa privada como a Intel representa um desenvolvimento notável na relação entre o governo e o setor empresarial. Relatos anteriores já indicavam uma crescente intersecção entre essas esferas, como as informações de que a administração Trump teria exigido que a Nvidia e a AMD concedessem ao governo uma porcentagem de 15% das vendas de chips para a China. Tais movimentos sugerem uma abordagem mais intervencionista do governo em setores estratégicos.

O Secretário do Tesouro, Scott Bessent, já havia sinalizado a possibilidade de um investimento governamental na Intel na semana anterior ao anúncio. Durante uma entrevista à CNBC, Bessent mencionou que seria uma “conversão de subsídios” destinada a “estabilizar a empresa para a produção de chips aqui nos EUA”. Esta declaração forneceu uma prévia da natureza e do propósito do acordo, focando na estabilidade e na capacidade de produção doméstica.

O Presidente Trump indicou que esta abordagem de negociação e investimento governamental pode não ser um evento isolado. Durante a coletiva de imprensa, ele afirmou que “fará mais delas” no futuro, sugerindo que o governo pode continuar a buscar parcerias e participações em empresas consideradas estratégicas para os interesses nacionais. Este posicionamento aponta para uma possível tendência de maior envolvimento governamental em setores-chave da economia.

A Intel, como uma das líderes globais na fabricação de semicondutores, desempenha um papel crucial na economia e na segurança tecnológica dos EUA. O investimento governamental e a aquisição de uma participação de 10% refletem a percepção da importância estratégica da empresa para a infraestrutura tecnológica do país e para a manutenção da competitividade global no setor de chips.

A movimentação do governo federal em relação à Intel, combinando fundos já alocados com a aquisição de uma participação acionária, ilustra uma estratégia multifacetada para garantir a resiliência da cadeia de suprimentos e a inovação tecnológica. A ênfase na produção doméstica de chips é um tema recorrente na política econômica e de segurança dos EUA, e este acordo com a Intel é um exemplo concreto dessa prioridade.

A natureza passiva da participação governamental, conforme declarado pela Intel, busca equilibrar o apoio financeiro e estratégico com a manutenção da autonomia corporativa. Este modelo de investimento pode servir como um precedente para futuras colaborações entre o governo e empresas privadas em setores de alta tecnologia, onde a segurança nacional e a competitividade econômica se entrelaçam.

A indústria de semicondutores é fundamental para uma vasta gama de tecnologias modernas, desde eletrônicos de consumo até sistemas de defesa avançados. O fortalecimento da capacidade de fabricação de chips nos EUA, por meio de iniciativas como a Lei CHIPS e investimentos diretos, é visto como essencial para proteger os interesses econômicos e de segurança do país em um cenário global cada vez mais competitivo e complexo.

O acordo entre o governo dos EUA e a Intel, com a troca de fundos já previstos por uma participação acionária, destaca a complexidade das relações público-privadas em setores estratégicos. Ele reflete uma abordagem pragmática para alavancar recursos governamentais existentes, ao mesmo tempo em que se busca uma maior influência e garantia de alinhamento com os objetivos nacionais de segurança e liderança tecnológica.

Fonte: https://www.theverge.com/news/764480/intel-donald-trump-lip-bu-tan-deal

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